domingo, 15 de janeiro de 2017

Perguntas e reflexões de quem gosta de aprender e ensinar

Perguntas e reflexões de quem gosta de aprender e ensinar: porque não existe um caminho caminhante, o caminho se faz ao caminhar/

Por que parte dos alunos não gosta de estudar?
Bem, a pergunta é um tanto quanto complexa porque envolve uma compreensão das várias causas desse problema, principalmente família e escola, formação de professores e metodologia de ensino.

Bem os alunos que ocuparam as escolas de São Paulo responderam uma coisa interessante e sem novidades para nós: queremos uma escola que além de ensinar, desenvolva atividades culturais, artísticas, sociais, ambientais, audiovisuais, esportivas e que envolvam os alunos nas atividades cognitivas e artísticas.


Bem, eu poderia perguntar por que esses alunos não gostam da escola? É a forma como são ensinados? As condições de ensino? E por que outros alunos participam das aulas?

Algumas pesquisas publicadas em livros podem sinalizar algumas respostas ou compreensão das causas do “não gostar de estudar” de parte de nossos alunos.

Livro Aprova Brasil. O Direito de Aprender. Bosas práticas em escolas públicas avaliadas pela Prova Brasil. [PDF]Aprova Brasil : o direito de aprender - Unicef www.unicef.org/brazil/pt/aprova_final.pdf

A pesquisa, a partir da Prova Brasil, revela algumas questões que fazem diferença nessas escolas, entre as quais:
Práticas pedagógicas (trabalho coletivo, em equipe, compartilhado, coordenado);
projetos de ensino;
inovações na organização da escola;
ensino contextualizado;
implementação de novas formas de acompanhamento e avaliação da aprendizagem dos alunos; realização de atividades externas com os alunos;
e, incentivo à prática de jogos e esportes;
a importância do professor;
ambiente escolar e relação entre as pessoas;
organização e disciplina como elementos que valorizam a escola;
os ambientes de aprendizagem, etc.

Já a pesquisa no livro Dez Escolas, dois padrões de qualidade. Uma pesquisa em dez escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Ceará de André Haguette e Márcio k. M. Pessoa, também sinaliza algumas respostas e outros questionamentos, principalmente das cinco melhores escolas do estado do Ceará:

os alunos têm desejo de aprender;
autodisciplina e aproveitam melhor o tempo letivo e principalmente dispõe de excelentes infraestrutura escolar.

Em contrapartida, as cinco piores escolas apresentam alunos com desmotivação, falta de concentração e que se recusam até levar livros para a escola e isso é colaborado por infraestrutura escolar deficitária e as condições de ensino e outras questões
Disponível aqui http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/mapas-spaece-alfa/87-pagina-inicial-servicos/desenvolvi mento-da-escola/7067-aperfeicoamento-pedagogico



Do livro Escolas inovadoras. PDF]escolas inovadoras EXPERIENCIAS BEM-SUCEDIDAS EM … www.dominiopublico.gov.br/.../DetalheObraDownload.do?select.

Experiências bem-sucedidas em escolas públicas, a pesquisa apresenta um relatório para o seguinte questionamento: quais as estratégias que fazem a diferença? Eis as questões:
✔ A importância do clima escolar.
✔ O papel do diretor;
✔ A valorização do aluno;
✔ A valorização do professor;
✔ A valorização da escola;
✔ O exercício do diálogo permanente;
✔ O trabalho coletivo;
✔ A participação da família e da comunidade.


E por que é tão desafiador conseguir a atenção dos alunos no processo de ensino:


Os alunos precisam de mais feedback e tem carência de orientação e atenção, fazendo com o que a mediação do professor seja muito importante.

Bem, as organizações empresarias têm apontado um caminho: gerir e compreender pessoas: seus desejos e necessidades. E elas entenderam que o diferencial de qualquer organização está nas pessoas e isso passa pela compreensão de necessidades.

E pergunto: alguma vez planejamos e ensinamos a partir dos desejos e necessidades de aprendizagem dos alunos? Fazemos avaliações diagnósticas?

Veja que muitos alunos ainda não desenvolveram um projeto de vida, mas são pessoas com desejos e necessidades e por isso precisam ser estimuladas para a formulação de projetos de vida. A escola pode e deve fazer os alunos sonharem.

A escola desenvolve oficinas sobre projeto de vida com os seus alunos? Principalmente os alunos que estão chegando do ensino fundamental?

Uma pergunta é importante fazer: quem é essa juventude que está chegando à escola do ensino médio?


Percebe-se que a escola não dá mais conta dos interesses e necessidades dos jovens do século XX1. E algumas perguntas que não fizemos: quem é essa juventude que está chegando em nossas escolas? E o que é a juventude? Juventude tornou o conceito de adolescente obsoleto?

Em 2015 e em anos anteriores falamos tanto em resultados, mas precisamos falar mais em processos pedagógicos e pessoas, principalmente a formação de nossos professores para qualificar melhor esse debate e a qualidade do ensino e o trabalho com os adolescentes.

Um fato a ser observado por alunos que ocuparam as escolas de São Paulo, Paraná, Ceará e Goiás é que as escolas precisam ser interessantes e atingir os interesses de aprendizagem da Juventude e por isso, não se pode fazer ensino apenas com lousa, livros, textos, aulas e fala dos professores.


Também não se pode fazer ensino e pesquisa apenas com ferramentas de internet, redes e computadores, etc. Por trás de tudo isso existe uma coisa maior: envolvimento entre professores e alunos, sinergia, corações que pulsam, necessidades de compreensão e projetos de vida.

A escola precisa atingir o que os alunos mais gostam no século XXI: artes (todas as maravilhosas artes: música, pintura, cinema, escultura, dança, teatro). E por isso, algumas perguntas: que escola nossa tem uma proposta de artes, música no currículo? Que escola tem banda de música, seja de instrumentos de sofro, cordas, teclado, percussão como bateria? Que escola desenvolve teatro? Que escola desenvolve dança? E isso está no currículo escolar? Que escola tem a proposta de desenvolver um laboratório de Artes? Que escola tem nos Jogos uma estratégia de ensino e de atração dos interesses dos alunos? Que escola desenvolve esportes no currículo como estratégia de “gatilho” para atingir os interesses dos alunos? E por último: que escola tem apenas as salas de aula para transmitir conteúdos?


Se perguntarmos a nós mesmos, que momentos bons guardamos quando éramos alunos da educação básica? Que lembranças guardamos de nossas escolas e de nossos professores?

Concordo que o maior desafio do professor é fazer o aluno participar das atividades. E isso passa pela elaboração e execução de um projeto político pedagógico inovador, pela infraestrutura escolar, condições de ensino, metodologia de ensino, planejamento e acompanhamento da gestão pedagógica.

Tive uma experiência fantástica quando era professor de ciências da 8ª série de uma escola estadual . E alguns alunos não participavam da atividade. E para minha surpresas esses alunos solicitaram que os liberasse para participar das aulas de ciências de uma colega que ensinava na sala ao lado. Não só os liberei como fui assistir a aula da professora. Lá estava minha colega desenvolvendo um trabalho formidável com um projeto sobre farmácia viva.

Bem, o fato é que ninguém tem receita pronta, mas ainda acredito que o professor reflexivo de sua ação docente é um dos caminhos para a qualidade da educação, seja presencial ou a distância. O que está em construção é o professor mediador e problematizador de “mentes em brasa”.

Tenho pensado sempre da prática docente no atual contexto da educação. Continuo a discorrer sobre a importância do professor como mediador na linda tarefa de ajudar o aluno a transformar informação em conhecimento.

Eis o desafio. Vejam abaixo a imagem e percebam que nessa suposta sociedade do conhecimento o professor é ainda mais importante, mas vamos pensar que professor estamos falando.

O professor transmite informação ou conhecimento?


FOTO: Informação vs. Conhecimento; desenho que está circulando no Facebook.
O professor tem a função de transmitir algo para os alunos ou criar situações para que estes possam desenvolver algo mais elaborado? Qual o cerne principal da novas tecnologias na
educação?

Jean Piaget, o conhecimento resulta de um processo de construção, mediante atividade do sujeito em interação permanente com seu mundo físico e social. Isso significa que o conhecimento não é doado de um ser humano para o outro, por melhores que sejam as intenções de quem pretende ensinar alguma coisa a alguém.

Para o autor, o papel do professor é ser mediador da relação educando-objeto de conhecimento, sendo que compreenda que é preciso ser consciente de que o prazer de aprender interliga o ato de aproximação entre o professor e aluno.

Além disso, é preciso desenvolver uma pedagogia fundamentada no respeito mútuo, na solidariedade e na afetividade, onde professores e alunos (crianças) ensinam, aprendem e sentem. Dessa maneira, a afetividade tem um papel importante na construção do conhecimento.

E penso que o maior desafio de nossa sociedade não é apenas contextualizar a informação, mas descontextualizá-la. E penso que nunca foi tão fácil manipular mentes e corações nesses tempos de redes sociais.

A manipulação não se dá pelo que está sendo publicado, falado, escrito, mas pelo que não é dito, escrito e televisionado. Não iremos entender o mundo e nem o país pelas lentes míopes de nossa velha mídia.

O verdadeiro olhar e a compreensão das coisas estão nas entrelinhas e as pessoas precisam desenvolver a competência para tecer os fios que os levem para o conhecimento mais elaborado. E por outro lado, penso que nunca foi tão importante o professor em toda a história da humanidade.

Um professor que possibilite ao aluno, uma educação problematizadora que o desafie a pensar e a questionar as coisas.

E que tenha mais consciência de uma proposta de ensino dentro de uma visão sociointeracionista proposta por Vygotsky, em que na zona de desenvolvimento proximal, o que interessa é aquilo que o aluno pode fazer com a ajuda do professor e dos demais alunos (zona de desenvolvimento potencial) em aprendizagem cooperativa.

O verdadeiro sentido do professor é mediar o ensino para ajudar o aluno a transformar informação em conhecimento (aspecto cognitivo), mas ir mais além: a formação humana, na relação entre sujeito que aprende e sujeito que ensina.

Devo concordar com o grande mestre Paulo Freire que ninguém consegue transmitir conhecimentos e por isso a necessária presença do professor para provocar nos alunos as perguntas fundamentais. Entendo que estamos impregnados de informações, pouco conhecimento e principalmente sabedoria. E novamente afirmo que é a imaginação criadora que move o mundo.

E veja que como professores deveremos desenvolver competências para criar materiais e situações de aprendizagem e que, através da mediação pedagógica, fazer o aluno atingir o seu desenvolvimento potencial e consequentemente a aprendizagem. Informações estão em qualquer lugar, aqui, nesse momento, mas o conhecimento é quando ressignificamos essas informações para resolver problemas e criar coisas, por exemplo, a proposta de uma matriz curricular por competências e habilidades.

E dessa forma, o conhecimento está nas estruturas mentais, em nossa capacidade de imaginar e criar coisas de um lado, de outro, nas grandes decisões que devemos tomar que a sabedoria possa ser um instrumento de direção para as coisas certas com respeito ao outro.

Veja essa outra imagem que amplia ainda mais essa compreensão - diferença entre Dados, Informação, Conhecimento, Ideia e Sabedoria.

http://www.empregoland.com.br/artigos/diferenca-entre-dados-informacao-conhecimento-ideia-e-sa bedoria/

E como usamos as redes sociais no processo de ensino?

Somos uma Aldeia Global apenas quando falamos de REDES e ECONOMIA INFORMACIONAL (a China não está ali, mas aqui) porque os muros estão se fechando. O resultado do Brexit no Reino Unido é apenas a ponta do iceberg do que está para acontecer: a implosão dos blocos econômicos e própria globalização como instrumento de controle dos mercados. Ninguém sabe o que está por surgir, mas duas questões me chamam a atenção para o uso da internet e suas redes sociais:

Primeiro que a nossa geração é a responsável pela propagação do bom uso da internet. Eu devo concordar com a afirmação, mas ainda estamos distante dessa responsabilidade porque entendo que a mídia velha está adentrando na internet com os seus modelos de propagação de conteúdo e entretenimento. Perde-se muito tempo com entretenimento e a qualidade do acesso de nossa gente, principalmente de estudantes, precisa ser melhorado.

Segundo, que o ensino como novas novas tecnologias somente é válido com a necessária preparação do professor. Veja aí a real dimensão dos professores nesse início de século: mediar o processo de ensino em rede para que o aluno transforme informação em conhecimento e aprenda três dimensões importantes no aprendizado (aluno ciente e consciente): que é aprender a fazer pesquisa; segundo, aprender a fazer comunicação e terceiro e mais importante, colocar-se também na condição de autor, produtor e disseminador de conhecimento em rede.

Percebe-se, portanto, a importância crucial do professor muito mais do que em qualquer outra época de nossa existência quando a responsabilidade aumenta na orientação e no feedback ao aluno em uma aprendizagem mais significativa e cooperativa em rede.

Penso que o envolvimento entre aluno e professor é condição importante para o sucesso da aprendizagem e isso independe se é presencial ou a distância. Lembrando de uma citação de Confúcio: conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro. Envolva-me e eu compreendo E tempo depois Benjamin Franklin fez uma releitura: diga-me eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e eu aprenderei.

Com as novas tecnologias na educação e novas formas de ensinar os conceitos de "presencialidade e a a distância" não estão sendo ressignificados? E penso que a relação física está relacionada com trocas, com envolvimento, com sentimentos, com espiritualidade, com compreensão, com presencialidade, preocupação, responsabilidade e compromisso com a aprendizagem do aluno. E isso, a priori, não é diferente nem em ensino presencial e nem a distância.

O aluno não quer nada? O professor também não quer nada?


Sobre o "querer" do aluno não podemos também esquecer do "querer" do professor, mas especificamente do "querer" do aluno me lembrei da palavra "vontade", vontade de aprender, ou vontade de comer. Você come se tiver fome. Nós aprendemos se tivermos vontade de aprender e semelhantemente comemos quando temos vontade de comer. E o cheiro de uma boa “picanha” nos faz até salivar, assim como boas aulas nos fazem querer mais e aprender mais.

E fazer o aluno salivar o conhecimento. Eis o desafio dos professores. E acredito também que o professor mediador tem maiores possibilidades de fazer o aluno "salivar o conhecimento".

Também acredito que o professor precisa conhecer as potencialidades das ferramentas de comunicação e informação, além das ferramentas de produção de hipermídias (hipertextos), audiovisuais, ebooks, mapas conceituais, etc.


http://rosangelamentapde.pbworks.com/w/page/9127635/Mapas%20Conceituais

Por exemplo, acho fabuloso orientar os alunos para produção de mapas conceituais a partir de orientação e produção das pesquisas. A partir do desenvolvimento de aprendizagem cooperativa, os alunos em grupos, irão desenvolver uma apresentação utilizando mapas conceituais. A ferramenta cmaptools em http://cmaptools.br.uptodown.com/windows pode ser um bom instrumento para desenvolver competências de síntese de nossos alunos.

Bem, é isso, acredito que as novas tecnologias criaram inúmeras possibilidades para os nossos professores seja no ensino presencial ou a distância, mas o grande problema é ainda qualificar o planejamento, a elaboração de estratégias de ensino fortalecida com o aprendizado dessas tecnologias e focar a avaliação na melhoria das práticas pedagógicas. Avaliar só tem sentido se for para ajudar professores no seu processo de ensino para atingir a aprendizagem dos seus alunos.

Veja bem, se os professores não usam as tecnologias para aprender, por exemplo, a construção de um blog, como poderão estimular os alunos para que desenvolvam a autoria em publicação na internet?

Vamos lembrar que a internet e suas ferramentas têm três dimensões importantes no processo de ensino:
1.A pesquisa na internet. Orientar o aluno a fazer pesquisa, estabelecendo a qualidade da pesquisa com referência, inclusive de imagens. E aí é importante qualificar o debate com os alunos sobre o que é pesquisa e o que não é pesquisa. Já dizia um pensador francês, que aqui não me lembro o nome: quando uma pessoa retira alguma coisa da internet e coloca na folha de papel, ele não fez pesquisa, mas cópia, mas se ele consegue dialogar com vários autores e colocar as suas considerações, então a pesquisa aconteceu.

2. A comunicação na internet - A comunicação é fundamental, seja para informar, seja para orientar e importante como instrumento para estimular os alunos na realização das atividades propostas. A comunicação acontece entre professor-aluno e alunos-alunos e também com coordenadores escolares.

No ensino pode e deve acontecer comunicação com os pais e responsáveis dos alunos. E o trabalho de comunicação entre professor e aluno é fundamental para o sucesso da aprendizagem e para isso é preciso discutir a melhor forma de realizar a comunicação, a abordagem é fundamental.

Criar grupos de WhatsApp com alunos e pais de cada turma é muito interessante. Os pais poderão acompanhar online, de forma real, a participação dos filhos e as tarefas propostas pelo professor, além de melhorar a comunicação.


3. A internet como autoria - Eis o grande desafio e o uso mais nobre das tecnologias na vida de professores e alunos: a autoria;

Algum professor já produziu um ebook para demonstração aos alunos nas aulas de autoria? Algum professor já produziu um vídeo para demonstrar aos seus alunos como editar e produzir vídeos? E os hipertextos? Bem, os caminhos são longos, mas navegar é preciso.

Bem, ainda sobre “vontade” me lembrei do parecer de nº 1044/2003 do CEE cujo relator Jorgelito Cals de Oliveira responde uma consulta sobre o que é dia letivo e do qual extraio o seguinte fragmento do seu seu parecer: atividade escolar é o processo em que alunos, sob a orientação de um professor, buscam a aprendizagem, isto é, um momento de enriquecimento da inteligência e/ou um estímulo à formação da vontade. Pela inteligência aprende-se, sabe-se, conhece-se e, pela vontade, se deseja, se quer, se realiza. Com a transmissão de conhecimentos, enriquece-se a inteligência e, com a orientação e prática de bons princípios, forma-se a vontade.

E dessa reflexão pergunto: é possível estimular a vontade do aluno para o ensino e aprendizagem?

Aqui é importante lembrar das características da pedagogia de um lado, de outro, observar que alunos estamos falando, de que escola estamos falando e as condições de ensino e aprendizagem dos professores.

Também aproveito para destacar um dado importante do livro Dez Escolas, dois padrões de qualidade. Uma pesquisa em dez escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Ceará de André Haguette e Márcio k. M. Pessoa, que é o seguinte: a pesquisa aponta que os alunos das cinco melhores escolas estão mais envolvidos no ensino e aprendizagem e eles têm vontade de aprender. Já os alunos das cinco piores escolas têm em comum o oposto: não têm a disciplina para aprender, são alunos distraídos, desconcentrados, sem motivação para o estudo. E assim, retomo a pergunta é possível estimular a vontade do aluno para aprender?

E o que seria um professor na ordem das coisas?


Início essa pergunta com questionamento: ainda ensinamos como os nossos velhos mestres para uma plateia que está no mundo da virtualidade real, da portabilidade e da mobilidade, desterritorializando e reterritorializando novos espaços de aprendizagem com seus smartphones?

Em a Máquina das Crianças, repensando a escola na era da informática PAPERT (1994, p. 54), escreve que a instituição Escola, com seus planos diários de lições, currículo estabelecido, testes padronizados e outras tantas parafernálias, tende constantemente a reduzir a aprendizagem a uma série de atos técnicos e o professor, ao papel de um técnico.

E o que seria um professor na ordem das coisas? O sentido do professor não seria ajudar o aluno a se liberar, a se expressar, a descobrir? E isso independe de ensino presencial a a distância?

Veja que o uso dos computadores no ensino tradicional de conteúdos não inova em nada a educação. Nesse sentido, não se trata de utilizar o computador como um recurso didático, como: o televisor, o vídeo ou mesmos as novas ferramentas de internet, ao contrário, temos ferramentas que possibilitam a produção de conhecimentos e um universo grande de possibilidades na educação.

E que é um educador, pergunta Rubens Alves em Conversas com Quem Gosta de Ensinar. (1984, p. 13 e 24). Eu diria que os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma fase, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” sui generis, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal.

“E o que é um professor, na ordem das coisas?” Talvez que um professor seja um funcionário das instituições que gerenciam lagoas e charcos, especialista em reprodução, peça num aparelho ideológico de Estado. Um educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos. Não sei como preparar o educador. Talvez que isto não seja nem necessário, nem possível... É necessário acordá-lo. E aí aprenderemos que educadores não se extinguiram como tropeiros e caixeiros. Porque, talvez, nem tropeiros nem caixeiros tenham desaparecido, mas permaneçam como memórias de um passado que está mais próximo do nosso futuro que o ontem. Basta que os chamemos do seu sono, por um ato de amor e coragem. E talvez, acordados, repetirão o milagre da instauração de novos mundos.


Nesse sentido, Rubens Alves se utilizada da arte poética e de metáforas para provocar o educador adormecido em cada um de nós. Seus livros são verdadeiros "elixir da juventude" de quem entende o ensino como arte de instaurar novos mundos.

E como deve ser abordagem do uso do computador na educação?

Para PAPERT (1994, p.41), as características subversivas do computador foram desgastadas. O que começara como um instrumento subversivo de mudança foi neutralizado pelo sistema e convertido em instrumento de consolidação e se pergunta por que os computadores causaram tão poucas mudanças nos problemas enfrentados pela educação.

Para este matemático, simplesmente a escola reagiu de forma natural a este objeto estranho como qualquer organismo vivo reagiria a um corpo estranho em seu organismo.

Parafraseando Piaget, o autor diz que a primeira resposta da escola ao computador foi muito naturalmente de assimilação.
E a abordagem construcionista de Papert propõe o uso do computador para a construção de conhecimentos significativos, sendo importante instrumento de construção da aprendizagem e resolução de problemas pelos alunos proposto pelo professor.
E essa abordagem favorece a criação de um ambiente de aprendizagem propício para descobertas, sendo que os sujeitos da aprendizagem estão em constante processo de investigação, reflexão e cooperação, buscando novas formas de conhecimento, promovendo o “ensinar a aprender a pensar".

E essa abordagem deve ser característica tanto do ensino presencial como a distância que é abordagem em que se coloca o aluno na condição de autoria (produção de vídeos, mapas conceituais, blogs, produção de ebook, cartilhas, etc)

Para PAPERT (1994, p.22) “o propósito da Máquina do Conhecimento se perderia se ela tivesse como objetivo único, ser apenas um mecanismo para ensinar as crianças a lerem. Para o autor ainda, é necessário questionar não só o que a escola ensina, mas também sobre como a escola ensina.

Por isso, Papert critica a ineficácia do sistema escolar em propiciar um ambiente de aprendizagem que realmente considere o aluno como o sujeito histórico e construtor do conhecimento.

E com ser um professor mediador?

O cerne da visão sócio-interacionista no processo de ensino e aprendizagem é a qualidade da intervenção do professor mediador que consiste em detectar se o aprendiz está fazendo o que sabe, o que pode, se está aquém de seu potencial e o quanto poderia avançar.

Nessa perspectiva vygotskiana, acredita-se que o aprendiz tem a capacidade de ir além das estruturas e do nível de desenvolvimento estabelecidos por Piaget, se o professor interferir, ajudar, em vez de deixá-la trabalhar sozinha e só ficar acompanhando o que ela sabe.

Para Vygotsky o conceito de conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) consiste na qualidade da mediação pedagógica, posto que é preciso considerar que a criança tem capacidade de resolver problemas, desempenhar tarefas, elaborar representações mentais e construir conceitos com a ajuda de outras pessoas.
Para Vygotsky (1994), a (ZDP) representa a distância entre o que a criança já sabe e consegue efetivamente fazer ou resolver por ele mesmo (nível de desenvolvimento real) e o que ela ainda não sabe, mas pode vir a saber, com a mediação de outras pessoas (nível de desenvolvimento potencial).

Nessa linha de pensamento, afirma-se que o nível de conhecimento real e o nível de conhecimento potencial de cada criança são variáveis e determinados, principalmente, pela mediação pedagógica Cada criança, encontra-se num nível de desenvolvimento cognitivo diferenciado.

O nível de desenvolvimento real de uma criança define funções que já amadureceram, ou seja, os produtos finais do desenvolvimento. Se uma criança pode fazer tal e tal coisa, independentemente, isso significa que as funções para tal e tal coisa já amadureceram. (...) A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário.

Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento. (...) Assim a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento, como também aquilo que está em processo de maturação (VYGOTSKY, 1994, p. 113).

Nesse sentido, devido à peculiar natureza social e cultural em que as crianças estão inseridas e a forma como os saberes são processados, há necessidade de uma mediação externa que guie as crianças na direção prevista nas intenções educativas, dentro da ZDP.


Para tanto, os professores criarão desafios, abordagens para além desse nível e a utilização de diversos meios e instrumentos de apoio e suporte como as tecnologias digitais, que podem intermediar o ensino associado à noção de ZDP.

Isso é enfatizado por Vygotsky, quando ele fala que a ZDP pode proporcionar novas maneiras da criança “menos competente”, enfrentar desafios e atividades, graças à ajuda oferecida pelo seu professor ou por pessoas mais experientes (seus colegas) ao longo da interação. Nessa
perspectiva, o psicólogo bielo-russo, coloca que a ZDP é um espaço sempre em processo de mudança com a própria interação, que pressupõe um relacionamento constante e contínuo entre o que os alunos sabem previamente e aquilo que têm de aprender, segundo o planejamento do professor.

Em síntese, Vygotsky (1994) identifica dois níveis de desenvolvimento: um se refere às conquistas já efetivas, que ele chama de nível de desenvolvimento real ou afetivo, e outro, o nível de desenvolvimento potencial, que se relaciona às capacidades em vias de serem construídas. E qualidade da mediação pedagógica do professor, "entregando pistas" e desenvolvendo a "pedagogia problematizadora" de Paulo Freire, é condição essencial para o aprendizado dos alunos.

E a atuação do professor em uma perspectiva socio-interacionista.


Interessa-me saber sobre as leituras de (Hoffmann, 2011) quando pensa a avaliação em educação a distância na perspectiva da mediação pedagógica e que atua nos limites e possibilidades dos educandos.

E para mim a atuação do professor em uma perspectiva socio-interacionista de Vygotsky. Saber fazer as perguntas fundamentais, jogar as pistas no momento certo para que os alunos consigam resolver as tarefas propostas, mantendo-os em trabalho cooperativo de aprendizagem são os desafios do professor porque articula ensino, aprendizagem com avaliação mediadora.

Nessa direção, o cerne da visão sócio-interacionista no processo de ensino e aprendizagem é a qualidade da intervenção do professor mediador que consiste em detectar se o aprendiz está fazendo o que sabe, o que pode, se está aquém de seu potencial e o quanto poderia avançar.

Nessa perspectiva vygotskiana, o aprendiz tem a capacidade de ir além das estruturas e do nível de desenvolvimento estabelecidos por Piaget, se o professor interferir, ajudar, em vez de deixá-lo trabalhar sozinho e só ficar acompanhando o que ele sabe.

Para Vygotsky o conceito de conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) consiste na qualidade da mediação pedagógica, posto que é preciso considerar que o sujeito tem capacidade de resolver problemas, desempenhar tarefas, elaborar representações mentais e construir conceitos com a ajuda de outras pessoas (professor e alunos com alunos)


O importante nesse processo de ensino é desenvolver uma pedagogia mais problematizadora, dialógica e das perguntas, onde o professor vai atuando dentro da ZDP. O que interessa é aquilo em que o aluno é capaz de fazer com ajuda do professor ou um de aluno em aprendizagem cooperativa, por exemplo.

Para Vygotsky (1994), a (ZDP) representa a distância entre o que o sujeito já sabe e consegue efetivamente fazer ou resolver por ele mesmo (nível de desenvolvimento real) e o que ainda não sabe, mas pode vir a saber, com a mediação de outras pessoas (professor e alunos com alunos em aprendizagem cooperativa)

Novamente observo: o que interessa é aquilo em que o aluno é capaz de realizar com ajuda do professor ou de um colega. E nesse processo, o professor precisa avaliar como intervir.
Nessa linha de pensamento, o nível de conhecimento real e o nível de conhecimento potencial de cada sujeito são variáveis e determinados, principalmente, pela mediação pedagógica Cada sujeito, encontra-se num nível de desenvolvimento cognitivo diferenciado. E avaliação mediadora possibilita que o professor possa acompanhar os alunos com mais dificuldades.

Muitas vezes os alunos esperam apenas uma dica do professor para resolver determinado problema. Tenho visto isso nos cursos em que como professor formador Às vezes, uma pequena dica ou um um problema resolvido e comentado ajuda para que o aluno possa atingir o nível de desenvolvimento potencial.

E aí cabe a qualidade da mediação pedagógica, não só a capacidade de fazer perguntas, mas também a capacidade de fornecer pistas e criar situações para que os alunos possam atingir os objetivos propostos.

Por fim, Vygotsky escreve que a ZDP pode proporcionar novas maneiras do sujeito “menos competente”, enfrentar desafios e atividades, graças à ajuda oferecida pelo seu professor ou por pessoas mais experientes (seus colegas) ao longo da interação. Nessa perspectiva, o psicólogo bielo-russo, coloca que a ZDP é um espaço sempre em processo de mudança com a própria interação, que pressupõe um relacionamento constante e contínuo entre o que os alunos sabem previamente e aquilo que têm de aprender, segundo o planejamento do professor.

Portanto, a qualidade da mediação pedagógica do professor, "entregando pistas" e desenvolvendo a "pedagogia problematizadora" de Paulo Freire, é condição essencial para o aprendizado dos alunos. através da mediação pedagógica, os professores vão avaliando os alunos, a partir dos desafios propostos.

E dessa forma, através dos diversos meios e instrumentos de apoio e suporte tecnológicos digitais, que podem intermediar o ensino associado à noção de ZDP. O fórum de avaliação é um excelente instrumento de avaliação não só quantitativo, mas qualitativo, tendo como o foco a aprendizagem do aluno.

Há a necessidade de uma emergência da web 2.0 na educação?


Bem, para responder essa questão vou buscar algumas considerações sobre o texto educação a distância baseada na Web 2.0: a emergência de uma Pedagogia 2.0 de Grosseck at all, ( 2009)

Primeiro que não concordo que vivemos na sociedade do conhecimento, mas ainda em uma sociedade informacional. Não atingimos um nível de conhecimento complexo, ou pensamento complexo.
Além do mais, não chegamos a uma quarta onda (o da sustentabiliade que é termo complexo para explicar as várias dimensões da existência humana – o que é sustentabilidade? E nem ainda chegamos a quinta onda (que é uma volta ao mundo de sofia, o pensamento mais elaborado, o mundo das ideias (a nooesfera de um lado e a biosfera de outro e o ser humano atingindo a dimensão da espriritualidade e convivência e respeito com todas as formas de vida e todas as opções de vida).

Creio que ainda estamos na terceira onda - Alvin Toffler - (era da informação), apesar das aplicações das ferramentas da web 2.0 apontarem para muitas possibilidades e oportunidades em todas as dimensões da sociedade humana. O desafio dos professores e universidades é aproveitar essas oportunidades e possibilidades para dinamizar o seu processo de ensino.

E apesar da complexidade desse cenário o “estar ser humano e sua forma de existência” a base do consumo e da produção gerada por combustíveis fósseis, creio que temos muito mais possibilidades e oportunidades.

As ferramentas web 2.0 apontam para essas possibilidades, mas podemos nos perder diante do entretenimento e das coisas líquidas e periféricas, sem adentrar em coisas que possam mudar a nossa forma de estar no mundo e de estar com as pessoas.
Por outro lado devo concordar que o conhecimento assume posição privilegiada (poucos conseguem compreender o mundo, o país e as grandes questões emergentes de nosso tempo que estão entrelaçadas em várias áreas do conhecimento.

Mais do que competência para contextualizar informações, o desafio é desenvolver um pensamento capaz de descontextualizar informações que chegam pinçadas de outros contextos. E ai devo concordar também que isso é fenômeno de uma sociedade em rede (Castells, 1999) em que os sujeitos conectados devem ser além de buscadores de informações, também sejam avaliadores, solucionadores de problemas e principalmente a capacidade de imaginar e criar coisas diferentes a partir das possibilidades que as novas ferramentas da web 2.0 oportunizam e possibilitam.

E as possibilidades da web 2.0 permitem aos sujeitos digitais a colaboração, a interação, o compartilhamento de conhecimento e conteúdos baseado em sofware social que tem como característica flexibilidade e facilidade de acesso e uso e por isso com muitas aplicações na educação a distância, tendo como o aluno como centro do processo de aprendizagem.



E a web 2.0 tem muitas contribuições para o professor dinamizar os seus processos de ensino e desenvolver uma aprendizagem cooperativa, geração de conhecimento e produção de diversas linguagens interativas em software social.

No entanto, todas essas possibilidades carecem de um projeto político pedagógico e currículo inovador para aproveitar oportunidades que as interfaces das ferramentas web 2.0 oferecem aos professores.

Portanto, a cerne da questão vai muito além de qualquer coisa na educação. O que nos falta é um projeto progressista de ensinar e aprender, ou seja, um projeto político inovador que envolva os alunos no ensino e na aprendizagem.

E as universidades e escolas precisam investir em formação dos professores para que estes entendam, por exemplo, a inserção das ferramentas web 2.0 para gerar conhecimento em comunidades de aprendizagem.
O desafio maior é que os professores desenvolvam competências e habilidades para aproveitar todas as possibilidades e oportunidades. Eis os desafios.

REFERÊNCIAS


OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky – Aprendizado e Desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Spcione, 1993.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: um perspectiva histórico-cultural da educação. 6ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
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