O cerne da visão
sócio-interacionista no processo de ensino e aprendizagem é a
qualidade da intervenção do professor mediador que consiste em
detectar se o aprendiz está fazendo o que sabe, o que pode, se está
aquém de seu potencial e o quanto poderia avançar.
Nessa perspectiva
vygotskiana, acredita-se que o aprendiz tem a capacidade de ir além
das estruturas e do nível de desenvolvimento estabelecidos por
Piaget, se o professor interferir, ajudar, em vez de deixá-la
trabalhar sozinha e só ficar acompanhando o que ela sabe.
Para Vygotsky o conceito
de conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) consiste na
qualidade da mediação pedagógica, posto que é preciso considerar
que a criança tem capacidade de resolver problemas, desempenhar
tarefas, elaborar representações mentais e construir conceitos com
a ajuda de outras pessoas.
Para Vygotsky (1994), a
(ZDP) representa a distância entre o que a criança já sabe e
consegue efetivamente fazer ou resolver por ele mesmo (nível de
desenvolvimento real) e o que ela ainda não sabe, mas pode vir a
saber, com a mediação de outras pessoas (nível de desenvolvimento
potencial).
Nessa linha de
pensamento, afirma-se que o nível de conhecimento real e o nível de
conhecimento potencial de cada criança são variáveis e
determinados, principalmente, pela mediação pedagógica Cada
criança, encontra-se num nível de desenvolvimento cognitivo
diferenciado.
O nível de
desenvolvimento real de uma criança define funções que já
amadureceram, ou seja, os produtos finais do desenvolvimento. Se uma
criança pode fazer tal e tal coisa, independentemente, isso
significa que as funções para tal e tal coisa já amadureceram.
(...) A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que
ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação,
funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado
embrionário.
Essas funções poderiam
ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao
invés de “frutos” do desenvolvimento. (...) Assim a zona de
desenvolvimento proximal permite-nos delinear o futuro imediato da
criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o
acesso não somente ao que já foi atingido através do
desenvolvimento, como também aquilo que está em processo de
maturação (VYGOTSKY, 1994, p. 113).
Nesse sentido, devido à
peculiar natureza social e cultural em que as crianças estão
inseridas e a forma como os saberes são processados, há necessidade
de uma mediação externa que guie as crianças na direção prevista
nas intenções educativas, dentro da ZDP.
Para tanto, os
professores criarão desafios, abordagens para além desse nível e a
utilização de diversos meios e instrumentos de apoio e suporte como
as tecnologias digitais, que podem intermediar o ensino associado à
noção de ZDP.
Isso é enfatizado por
Vygotsky, quando ele fala que a ZDP pode proporcionar novas maneiras
da criança “menos competente”, enfrentar desafios e atividades,
graças à ajuda oferecida pelo seu professor ou por pessoas mais
experientes (seus colegas) ao longo da interação. Nessa
perspectiva, o psicólogo
bielo-russo, coloca que a ZDP é um espaço sempre em processo de
mudança com a própria interação, que pressupõe um relacionamento
constante e contínuo entre o que os alunos sabem previamente e
aquilo que têm de aprender, segundo o planejamento do professor.
Em síntese, Vygotsky
(1994) identifica dois níveis de desenvolvimento: um se refere às
conquistas já efetivas, que ele chama de nível de desenvolvimento
real ou afetivo, e outro, o nível de desenvolvimento potencial, que
se relaciona às capacidades em vias de serem construídas. E
qualidade da mediação pedagógica do professor, "entregando
pistas" e desenvolvendo a "pedagogia problematizadora"
de Paulo Freire, é condição essencial para o aprendizado dos
alunos.
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