Paz
bem!
Estimado(a)
Diretor(a)
Eis
uma avaliação em que acredito - a avaliação diagnóstica. Na
verdade, acredito em toda a avaliação realizada pela escola que
objetiva orientar o processo de ensino e aprendizagem. Lembre-se que
orientamos todas as escolas desde o início do ano para fazer a
avaliação diagnóstica e fazer o nivelamento. E penso a experiência
da Escola Profissional de Boa Viagem com um portfólio de cada aluno
é muito interessante.
Como
é a produção textual do aluno que está chegando à escola e como
está a produção do aluno que está chegando ao ENEM? Eis o
desafio. Dá para fazer os comparativos e avançar no trabalho
pedagógico com os resultados, se soubermos utilizar a avaliação
diagnóstica para propor intervenções pedagógicas, seja individual
ou personalizada, de acordo com a necessidade do aluno, ou de forma
coletiva.
Ter
um portfólio de cada aluno que está chegando à escola é um
trabalho e tanto, mas quem disse que os êxitos de campeões como
Bolt não são resultados de muito trabalho? Por isso, avaliação
(interna e externa) precisa orientar o planejamento e as práticas
pedagógicas do professor.
Penso
que nenhum país resolverá o problema da educação se não resolver
o problema da avaliação. E avaliação só tem sentido se objetivar
a reflexão dos processos pedagógicos, principalmente o planejamento
e prática do professor.
Nesse
sentido, avaliação não é apenas para avaliar o aluno, seu
percurso durante certo período, mas principalmente para dá feedback
ao trabalho do professor, suas estratégias de ensino e metodologia,
ou seja, ela também tem a finalidade de subsidiar o trabalho
pedagógico, redirecionando o processo de ensino e aprendizagem.
Conforme
Santos e Varela (2007) o ato de avaliar consiste na coleta, na
análise e síntese dos dados, processados e comparados de acordo com
padrões de qualidade estabelecido, em cima de um objeto, para
mantê-lo ou modificá-lo. De acordo com Vidal e Maia (2010, p. 83) a
avaliação proporciona ao aluno, ao professor e aos tutores uma
análise reflexiva dos avanços e dificuldades do processo ensino e
aprendizagem
Dessa
forma, a avaliação como caráter formativo procura realizar
intervenções pedagógicas com o objetivo de melhorar a aprendizagem
e aquisição de conhecimento para os alunos com dificuldades,
aperfeiçoando a prática escolar.
Nesse
sentido, a avaliação é compreendida como um processo contínuo e
dinâmico que vai ao encontro da reflexão inicial (não se pode
resolver o problema da educação (práticas pedagógicas, por
exemplo) se não resolver o problema da avaliação).
E
por isso, que a avaliação é vista como diagnóstica, contínua e
como instrumento (formativo) para se repensar e reformar os métodos
de ensino, os procedimentos, as estratégias de ensino para que o
aluno aprenda de fato. E a avaliação só tem sentido se for para
cumprir essa finalidade. Assim, segundo, Santos e Varela (2007) , o
professor deve empregar no seu fazer pedagógico diversas técnicas e
instrumentos variados para diagnosticar o começo, o durante e o fim
de todo o processo avaliativo.
Sem
desconsiderar a função da escola de educar, formar o cidadão
crítico que esse país precisa no final do processo de ensino,
também é preciso ter foco na aprendizagem do aluno. E se a
avaliação somativa demonstrar que o aluno não atingiu os objetivos
propostos? O que fazer? Avaliar o próprio processo de ensino, as
estratégias de ensino, os recursos pedagógicos utilizados, a
metodologia de ensino do professor, etc.? Ou achar que o culpado é
somente aluno, incapaz de aprender, ou afirmar que o aluno "não
quer nada”?
Bem,
a partir desses questionamentos devemos pensar que a escola,
professores e gestores desenvolvem uma compreensão de mundo e
educação, uma proposta pedagógica (a priori), um currículo, não
é isso? E se a escola reproduz o modelo mecanicista e reproduz uma
sociedade da competição e da exclusão, o que se sobra uma
avaliação classificatória através de exames? Talvez sim.
A
partir dessas reflexões e questionamentos, adentramos na compreensão
das finalidades da avaliação diagnóstica, formativa e somativa.
De
acordo com (Vidal e Maia, 2010, p. 80) a avaliação da aprendizagem
assumirá funções diagnóstica, formativa e somativa,
desenvolvendo-se de forma contínua, cumulativa e compreensiva,
utilizando-se os seguintes instrumentos: trabalhos, pesquisas,
atividades laboratoriais, atividades de campo, relatórios,
atividades que possam desenvolver competências e habilidades nos
alunos.
A
avaliação diagnóstica, que chamamos também de avaliação inicial
objetiva avaliar os conhecimentos prévios, competências e
habilidades que os alunos desenvolveram ao longo dos seus estudos.
A
avaliação diagnóstica se dará através de prova e produção
textual e outros instrumentos (no início do ano e em cada mês) para
se perceber o grau de desenvolvimento dos alunos em determinada
competência e habilidade, analisando os descritores (instrumentos
que descrevem o nível de habilidades em cada item avaliado, do mais
simples ao nível que exige maior complexidade na resolução).
A
avaliação diagnóstica também se caracteriza por momentos de
síntese nos encontros coletivos, onde professores avaliam
mensalmente os avanços e dificuldades de cada aluno.
A
produção textual revela o nível de desenvolvimento do aluno na
escrita, sua capacidade de discorrer um texto e seu nível de
compreensão da palavra escrita e também de mundo.
E
essa avaliação diagnóstica só tem sentido se houver no conjunto
da proposta pedagógica da escola estratégias diferenciadas. Por
exemplo, o que fazer com alunos com pouco domínio da leitura e da
escrita? O que fazer com o aluno que ainda tem dificuldades de
aritmética, quando se trabalhar com expressões algébricas mais
complicadas?
Para
Santos e Varela (2007) a avaliação diagnóstica é realizada
através de sondagem, projeção, situações de aprendizagem,
avaliando o que aprendeu e avaliar em que medida os conhecimentos
anteriores ocorreram e o que é necessário planejar para selecionar
dificuldades encontradas. E por isso, objetiva a uma tomada de
decisão, estando a serviço de uma pedagogia que visa a
transformação social.
Nessa
linha de pensamento, a avaliação diagnóstica é importnate para dá
conta das atividades porque o processo avaliativo é contínuo, onde
professores sabem quais os alunos com maiores dificuldades e quem
precisa de intervenções pedagógicas para avançar.
Em
uma escola da 12ª CREDE, a coordenadora escolar aponta que a
avaliação diagnóstica é feita bimestralmente, experiência que
poucas escolas fazem através da avaliação textual. E é a partir
da avaliação diagnóstica que professores (momento de síntese
avaliativa dos alunos), elaboram projetos de intervenção pedagógica
e organização da rotina de trabalho. Se o aluno tem ainda
dificuldades a trabalhar com produção de textos, o professor
precisa retomar esse processo e rever novas estratégias. A escola
tem um portfólio de cada aluno.
Nessa
linha de pensamento, o método de avaliação diagnóstica dessa
escola é importante porque todos os professores são orientados a
trabalhar com leitura, produção e interpretação textual para os
alunos que apresentam essa dificuldade (situação idenfificada pela
avaliação diagnóstica). E todos alunos que chegam à escola são
avaliados e produzidos um portfólio com os primeiros textos e que
depois são comparados durante o processo.
Dessa
forma, essa escola procura conhecer as caracaterísticas de
aprendizagem dos seus alunos e busca desenvolver projetos mais
adequados para os alunos (os aspectos fortes e fracos) e busca
conhecer o ocnhecimento prévio para planejamento de intervenções
pedagógicas necessárias.
E
esse processo é diferente de outras avaliações, ele é mais
profundo e intervencionista quando aponta aonde investir mais força,
tempo e reforço para os alunos com dificuldades, quando, por
exemplo, a avaliação classificatória (exames) classifica se o
aluno sabe ou não sabe e ponto final (ela é pontual e conclusiva
porque coloca no aluno uma menção: aprovado ou reprovado, etc.). E
para Santos e Varela(2007) muitas vezes, a escola tem se apoiado na
avaliação classificatória objetivando avaliar a aprendizagem ou
competências através de medidas, de quantificações.
Já
a avaliação formativa e processual acontece dentro do processo de
ensino e aprendizagem, onde os professores vão trabalhar os
conteúdos e ao mesmo tempo avaliando pari passu o desenvolvimento
dos alunos. A finalidade é melhorar o processo de ensino e
aprendizagem e que as práticas docentes se ajustem às necessidades
dos alunos.
Nesse
sentido, é preciso pensar na estratégia, como melhor utilizar os
resultados e proposição de intervenções pedagógicas. E voltando
à experiência em que a escola de nossa região tem portfólio
(pasta em que contem os avanços e dificuldades de cada aluno, aonde
mês a mês os professores e coordenadores escolares vão avaliando a
progressão dos seus alunos). E essas informações permitem os
ajustes dos professores, a reorientação da prática do professor,
as competências e aprendizagens dos alunos.
Segundo
a coordenadora escolar, cada aluno tem um portfólio com registros
sobre avanços e dificuldades. E a partir dessas informações, a
escola desenvolve intervenções pedagógicas através de um grupo de
apoio que vai reforçar a aprendizagem dos alunos com maiores
dificuldades no contraturno, utilizando metodologias diversas. E se a
prova não é bem elaborado, os itens são avaliados e os alunos são
ser avaliados dentro dos itens que errou, conforme descritor.
E
nesse final do processo avaliativo, a avaliação somativa, por
exemplo, acontece quando a ação pedagógica já foi finalizada. E
os resultados devem ser utilizados para avaliar o programa, o
currículo, o processo de ensino, o trabalho pedagógico.
Já
a avaliação formativa acontece durante todo o processo de ensino e
tem objetivo para professores reverem os seus processos de ensino,
suas estratégias, sua metodologia de ensino, os materiais
utilizados, os ambientes de aprendizagem como laboratórios de
informática, laboratórios de ciências, biblioteca, a forma de
orientação da pesquisa ao aluno, os livros, ou seja, todos os
recursos pedagógicos. É o momento de o professor refletir sobre a
sua prática pedagógica (práxis) - ou seja, por em prática a
condição do professor reflexivo para que os alunos possam atingir
os objetivos propostos da aprendizagem.
A
título de considerações, as pesquisas apontam que existe muito
pouco de avaliação formativa na prática, o que acontece é que o
existe ao final do aluno, a avaliação classificatória, pouco se
preocupando o desenvolvimento do aluno.
E
que a existência da avaliação diagnóstica (analisar os
conhecimentos prévios dos alunos), conforme proposta de cada escola,
é importante pelo feedback que é fornecido à escola, através de
gráficos e análises dos descritores.. Que descritor a escola
precisa trabalhar mais com os alunos, considerando e orientando que o
professor precisa estudar mais e rever sua prática pedagógica para
reorientar o seu trabalho pedagógico?
A
avaliação nesse sentido, não é um instrumento de punição, mas
de formação do professor para que ele possa buscar estratégias
diferenciadas e atingir as necessidades dos alunos. E como
instrumentos formadores dos professores.
E
que a avaliação formativa teria grande finalidade de subsidiar o
trabalho docente para maior consciência de sua prática e busca de
novas estratégias de ensino.
Por
fim, se a escola se entende como instrumento de reprodução das
desigualdades sociais e do modelo segregador e excludente que está
posto (o modelo social e político que está posto), basta apenas
aplicar uma prova no final do ano com objetivo de classificar
alunos).
Mas
se escola tem uma proposta pedagógica de transformação da
sociedade, uma proposta de intervenção na realidade, uma proposta
comprometida com a inclusão de jovens, da aprendizagem de todos os
alunos, então é forçoso desenvolver no seu currículo a avaliação
como proposta diagnóstica e formativa. Por quê?
Porque
muitas vezes o professor dá muita atenção ao aluno que acerta
tudo, mas pouco dá atenção ao que erra, no entanto, a função da
avaliação é: tratamento dos que estão com dificuldades.;
replanejamento (de rever conteúdos, de rever planejamento, de rever
estratégias, de rever procedimentos e planejar novas estratégias).
Nesse
sentido, a avaliação é muito importante porque afeta todo o
desenvolvimento dos educadores, ou deveria afetar porque eles têm
mais informações para trabalhar individualmente cada aluno e
desenvolver também estratégias no coletivo de alunos.
E
por isso, os alunos com maiores dificuldades deverão passar por
intervenções pedagógicas contínuas, de forma individual, em dupla
e com o apoio da coordenação pedagógica (orientação pedagógica
porque se o professor apenas ouvir e não colocar em prática, os
alunos continuarão mal no processo avaliativo). E por isso, que as
avaliações podem e devem modificar o trabalho dos professores e da
coordenação pedagógica.
E
que ponto o trabalho do coordenador pedagógico está referenciado
pelas avaliações externas e também avaliações internas E o
trabalho dos coordenadores devem ser reorientado em função das
avaliações com as intervenções pedagógicas para os alunos que
apresentam dificuldades.
Portanto,
o que determina a avaliação é o contexto pelo qual a avaliação
se dirige. E o projeto que está em discussão é orientado como
projeto de inclusão. Enquanto não estivermos uma educação para
todos, não haverá efetivamente o conceito de Nação. Portanto,
temos muito que caminhar, a reformulação do currículo, a formação
dos professores, a reorientação da prática pedagógica e
principalmente um projeto de avaliação comprometido com o
desenvolvimento potencial de todos os alunos.
Referência
SANTOS,
Monalize Rigon da; VARELA, Simone. A Avaliação como um Instrumento
Diagnóstico da Construção do Conhecimento nas Séries Inicias do
Ensino Fundamental
VIDAL,
Heloisa Maia; MAIA, José Everardo Bessa Maia. Introdução a
Educação a Distância e Informática Básica. 2010. Editora RDS.
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