quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Avaliação (interna e externa) precisa orientar o planejamento e as práticas pedagógicas do professor.


Paz bem!

Estimado(a) Diretor(a) 


Eis uma avaliação em que acredito - a avaliação diagnóstica. Na verdade, acredito em toda a avaliação realizada pela escola que objetiva orientar o processo de ensino e aprendizagem. Lembre-se que orientamos todas as escolas desde o início do ano para fazer a avaliação diagnóstica e fazer o nivelamento. E penso a experiência da Escola Profissional de Boa Viagem com um portfólio de cada aluno é muito interessante.
Como é a produção textual do aluno que está chegando à escola e como está a produção do aluno que está chegando ao ENEM? Eis o desafio. Dá para fazer os comparativos e avançar no  trabalho pedagógico com os resultados, se soubermos utilizar a avaliação diagnóstica para propor intervenções pedagógicas, seja individual ou personalizada, de acordo com a necessidade do aluno, ou de forma coletiva. 

 
Ter um portfólio de cada aluno que está chegando à escola é um trabalho e tanto, mas quem disse que os êxitos de campeões como Bolt não são resultados de muito trabalho? Por isso, avaliação (interna e externa) precisa orientar o planejamento e as práticas pedagógicas do professor.
Penso que nenhum país resolverá o problema da educação se não resolver o problema da avaliação. E avaliação só tem sentido se objetivar a reflexão dos processos pedagógicos, principalmente o planejamento e prática do professor.
Nesse sentido, avaliação não é apenas para avaliar o aluno, seu percurso durante certo período, mas principalmente para dá feedback ao trabalho do professor, suas estratégias de ensino e metodologia, ou seja, ela também tem a finalidade de subsidiar o trabalho pedagógico, redirecionando o processo de ensino e aprendizagem.
Conforme Santos e Varela (2007) o ato de avaliar consiste na coleta, na análise e síntese dos dados, processados e comparados de acordo com padrões de qualidade estabelecido, em cima de um objeto, para mantê-lo ou modificá-lo. De acordo com Vidal e Maia (2010, p. 83) a avaliação proporciona ao aluno, ao professor e aos tutores uma análise reflexiva dos avanços e dificuldades do processo ensino e aprendizagem
Dessa forma, a avaliação como caráter formativo procura realizar intervenções pedagógicas com o objetivo de melhorar a aprendizagem e aquisição de conhecimento para os alunos com dificuldades, aperfeiçoando a prática escolar.
Nesse sentido, a avaliação é compreendida como um processo contínuo e dinâmico que vai ao encontro da reflexão inicial (não se pode resolver o problema da educação (práticas pedagógicas, por exemplo) se não resolver o problema da avaliação).
E por isso, que a avaliação é vista como diagnóstica, contínua e como instrumento (formativo) para se repensar e reformar os métodos de ensino, os procedimentos, as estratégias de ensino para que o aluno aprenda de fato. E a avaliação só tem sentido se for para cumprir essa finalidade. Assim, segundo, Santos e Varela (2007) , o professor deve empregar no seu fazer pedagógico diversas técnicas e instrumentos variados para diagnosticar o começo, o durante e o fim de todo o processo avaliativo.
Sem desconsiderar a função da escola de educar, formar o cidadão crítico que esse país precisa no final do processo de ensino, também é preciso ter foco na aprendizagem do aluno. E se a avaliação somativa demonstrar que o aluno não atingiu os objetivos propostos? O que fazer? Avaliar o próprio processo de ensino, as estratégias de ensino, os recursos pedagógicos utilizados, a metodologia de ensino do professor, etc.? Ou achar que o culpado é somente aluno, incapaz de aprender, ou afirmar que o aluno "não quer nada”?
Bem, a partir desses questionamentos devemos pensar que a escola, professores e gestores desenvolvem uma compreensão de mundo e educação, uma proposta pedagógica (a priori), um currículo, não é isso? E se a escola reproduz o modelo mecanicista e reproduz uma sociedade da competição e da exclusão, o que se sobra uma avaliação classificatória através de exames? Talvez sim.
A partir dessas reflexões e questionamentos, adentramos na compreensão das finalidades da avaliação diagnóstica, formativa e somativa.
De acordo com (Vidal e Maia, 2010, p. 80) a avaliação da aprendizagem assumirá funções diagnóstica, formativa e somativa, desenvolvendo-se de forma contínua, cumulativa e compreensiva, utilizando-se os seguintes instrumentos: trabalhos, pesquisas, atividades laboratoriais, atividades de campo, relatórios, atividades que possam desenvolver competências e habilidades nos alunos.
A avaliação diagnóstica, que chamamos também de avaliação inicial objetiva avaliar os conhecimentos prévios, competências e habilidades que os alunos desenvolveram ao longo dos seus estudos.
A avaliação diagnóstica se dará através de prova e produção textual e outros instrumentos (no início do ano e em cada mês) para se perceber o grau de desenvolvimento dos alunos em determinada competência e habilidade, analisando os descritores (instrumentos que descrevem o nível de habilidades em cada item avaliado, do mais simples ao nível que exige maior complexidade na resolução).
A avaliação diagnóstica também se caracteriza por momentos de síntese nos encontros coletivos, onde professores avaliam mensalmente os avanços e dificuldades de cada aluno.
A produção textual revela o nível de desenvolvimento do aluno na escrita, sua capacidade de discorrer um texto e seu nível de compreensão da palavra escrita e também de mundo.
E essa avaliação diagnóstica só tem sentido se houver no conjunto da proposta pedagógica da escola estratégias diferenciadas. Por exemplo, o que fazer com alunos com pouco domínio da leitura e da escrita? O que fazer com o aluno que ainda tem dificuldades de aritmética, quando se trabalhar com expressões algébricas mais complicadas?
Para Santos e Varela (2007) a avaliação diagnóstica é realizada através de sondagem, projeção, situações de aprendizagem, avaliando o que aprendeu e avaliar em que medida os conhecimentos anteriores ocorreram e o que é necessário planejar para selecionar dificuldades encontradas. E por isso, objetiva a uma tomada de decisão, estando a serviço de uma pedagogia que visa a transformação social.
Nessa linha de pensamento, a avaliação diagnóstica é importnate para dá conta das atividades porque o processo avaliativo é contínuo, onde professores sabem quais os alunos com maiores dificuldades e quem precisa de intervenções pedagógicas para avançar.
Em uma escola da 12ª CREDE, a coordenadora escolar aponta que a avaliação diagnóstica é feita bimestralmente, experiência que poucas escolas fazem através da avaliação textual. E é a partir da avaliação diagnóstica que professores (momento de síntese avaliativa dos alunos), elaboram projetos de intervenção pedagógica e organização da rotina de trabalho. Se o aluno tem ainda dificuldades a trabalhar com produção de textos, o professor precisa retomar esse processo e rever novas estratégias. A escola tem um portfólio de cada aluno.
Nessa linha de pensamento, o método de avaliação diagnóstica dessa escola é importante porque todos os professores são orientados a trabalhar com leitura, produção e interpretação textual para os alunos que apresentam essa dificuldade (situação idenfificada pela avaliação diagnóstica). E todos alunos que chegam à escola são avaliados e produzidos um portfólio com os primeiros textos e que depois são comparados durante o processo.
Dessa forma, essa escola procura conhecer as caracaterísticas de aprendizagem dos seus alunos e busca desenvolver projetos mais adequados para os alunos (os aspectos fortes e fracos) e busca conhecer o ocnhecimento prévio para planejamento de intervenções pedagógicas necessárias.
E esse processo é diferente de outras avaliações, ele é mais profundo e intervencionista quando aponta aonde investir mais força, tempo e reforço para os alunos com dificuldades, quando, por exemplo, a avaliação classificatória (exames) classifica se o aluno sabe ou não sabe e ponto final (ela é pontual e conclusiva porque coloca no aluno uma menção: aprovado ou reprovado, etc.). E para Santos e Varela(2007) muitas vezes, a escola tem se apoiado na avaliação classificatória objetivando avaliar a aprendizagem ou competências através de medidas, de quantificações.
Já a avaliação formativa e processual acontece dentro do processo de ensino e aprendizagem, onde os professores vão trabalhar os conteúdos e ao mesmo tempo avaliando pari passu o desenvolvimento dos alunos. A finalidade é melhorar o processo de ensino e aprendizagem e que as práticas docentes se ajustem às necessidades dos alunos.
Nesse sentido, é preciso pensar na estratégia, como melhor utilizar os resultados e proposição de intervenções pedagógicas. E voltando à experiência em que a escola de nossa região tem portfólio (pasta em que contem os avanços e dificuldades de cada aluno, aonde mês a mês os professores e coordenadores escolares vão avaliando a progressão dos seus alunos). E essas informações permitem os ajustes dos professores, a reorientação da prática do professor, as competências e aprendizagens dos alunos.
Segundo a coordenadora escolar, cada aluno tem um portfólio com registros sobre avanços e dificuldades. E a partir dessas informações, a escola desenvolve intervenções pedagógicas através de um grupo de apoio que vai reforçar a aprendizagem dos alunos com maiores dificuldades no contraturno, utilizando metodologias diversas. E se a prova não é bem elaborado, os itens são avaliados e os alunos são ser avaliados dentro dos itens que errou, conforme descritor.
E nesse final do processo avaliativo, a avaliação somativa, por exemplo, acontece quando a ação pedagógica já foi finalizada. E os resultados devem ser utilizados para avaliar o programa, o currículo, o processo de ensino, o trabalho pedagógico.
Já a avaliação formativa acontece durante todo o processo de ensino e tem objetivo para professores reverem os seus processos de ensino, suas estratégias, sua metodologia de ensino, os materiais utilizados, os ambientes de aprendizagem como laboratórios de informática, laboratórios de ciências, biblioteca, a forma de orientação da pesquisa ao aluno, os livros, ou seja, todos os recursos pedagógicos. É o momento de o professor refletir sobre a sua prática pedagógica (práxis) - ou seja, por em prática a condição do professor reflexivo para que os alunos possam atingir os objetivos propostos da aprendizagem.
A título de considerações, as pesquisas apontam que existe muito pouco de avaliação formativa na prática, o que acontece é que o existe ao final do aluno, a avaliação classificatória, pouco se preocupando o desenvolvimento do aluno.
E que a existência da avaliação diagnóstica (analisar os conhecimentos prévios dos alunos), conforme proposta de cada escola, é importante pelo feedback que é fornecido à escola, através de gráficos e análises dos descritores.. Que descritor a escola precisa trabalhar mais com os alunos, considerando e orientando que o professor precisa estudar mais e rever sua prática pedagógica para reorientar o seu trabalho pedagógico?
A avaliação nesse sentido, não é um instrumento de punição, mas de formação do professor para que ele possa buscar estratégias diferenciadas e atingir as necessidades dos alunos. E como instrumentos formadores dos professores.
E que a avaliação formativa teria grande finalidade de subsidiar o trabalho docente para maior consciência de sua prática e busca de novas estratégias de ensino.
Por fim, se a escola se entende como instrumento de reprodução das desigualdades sociais e do modelo segregador e excludente que está posto (o modelo social e político que está posto), basta apenas aplicar uma prova no final do ano com objetivo de classificar alunos).
Mas se escola tem uma proposta pedagógica de transformação da sociedade, uma proposta de intervenção na realidade, uma proposta comprometida com a inclusão de jovens, da aprendizagem de todos os alunos, então é forçoso desenvolver no seu currículo a avaliação como proposta diagnóstica e formativa. Por quê?
Porque muitas vezes o professor dá muita atenção ao aluno que acerta tudo, mas pouco dá atenção ao que erra, no entanto, a função da avaliação é: tratamento dos que estão com dificuldades.; replanejamento (de rever conteúdos, de rever planejamento, de rever estratégias, de rever procedimentos e planejar novas estratégias).
Nesse sentido, a avaliação é muito importante porque afeta todo o desenvolvimento dos educadores, ou deveria afetar porque eles têm mais informações para trabalhar individualmente cada aluno e desenvolver também estratégias no coletivo de alunos.
E por isso, os alunos com maiores dificuldades deverão passar por intervenções pedagógicas contínuas, de forma individual, em dupla e com o apoio da coordenação pedagógica (orientação pedagógica porque se o professor apenas ouvir e não colocar em prática, os alunos continuarão mal no processo avaliativo). E por isso, que as avaliações podem e devem modificar o trabalho dos professores e da coordenação pedagógica.
E que ponto o trabalho do coordenador pedagógico está referenciado pelas avaliações externas e também avaliações internas E o trabalho dos coordenadores devem ser reorientado em função das avaliações com as intervenções pedagógicas para os alunos que apresentam dificuldades.
Portanto, o que determina a avaliação é o contexto pelo qual a avaliação se dirige. E o projeto que está em discussão é orientado como projeto de inclusão. Enquanto não estivermos uma educação para todos, não haverá efetivamente o conceito de Nação. Portanto, temos muito que caminhar, a reformulação do currículo, a formação dos professores, a reorientação da prática pedagógica e principalmente um projeto de avaliação comprometido com o desenvolvimento potencial de todos os alunos. 
Referência

SANTOS, Monalize Rigon da; VARELA, Simone. A Avaliação como um Instrumento Diagnóstico da Construção do Conhecimento nas Séries Inicias do Ensino Fundamental

VIDAL, Heloisa Maia; MAIA, José Everardo Bessa Maia. Introdução a Educação a Distância e Informática Básica. 2010. Editora RDS.


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