quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O DIAGNÓSTICO DA ESCOLA, EXPERIÊNCIAS VIVIDAS, LIÇÕES APRENDIDAS.

Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo. Fernando Pessoa.

Importa, antes de adentrar sobre as reflexões nesse início de caminhada realizar algumas questões importantes: qual é o sentido do diagnóstico escolar? Qual é a finalidade do diagnóstico escolar? Que aprendizado o diagnóstico escolar poderá trazer para o professor aprendiz?
Concordando com Almeida et al (2002), o estágio para quem exerce o magistério deve ser um espaço de reflexão e um campo de conhecimento e não um ativismo pedagógico, focado apenas com o momento da prática. E por essa reflexão, os professores precisamos relacionar o diagnóstico escolar, os instrumentos de gestão com o projeto político pedagógico, com a estrutura física e seus espaços educadores. De fato, o diagnóstico é um dialogo com a escola e espaço de reflexão sobre o cotidiano escolar nos seus vários aspectos: o trabalho da gestão escolar, o seu projeto político pedagógico, o trabalho do professor e o fluxo de alunos pelas galerias dos espaços educadores e na própria sala de aula. 
 
E nesse sentindo, o diagnóstico escolar cria possibilidade para se compreender vários aspectos da escola, através de diálogo aberto com o lócus escolar, grupo gestor, professores, o planejamento, a execução e avaliação das práticas pedagógicas e do comportamento dos alunos nos espaços educadores e que estão entrelaçados dentro do projeto político pedagógico.
E isso deve ser um momento de muito aprendizado e importante para tomar confiança para o professor no seu processo de planejamento e gestão da sala, quando a gestão pedagógica foco na: observação da prática docente, planejamento, seleção de conteúdos, elaboração dos planos de aula, definição da metodologia (pedagogia problematizadora a partir da mediação pedagógica e aula dialogada, considerando desde o início os conhecimentos prévios e a representação social dos sujeitos-educandos).
Nessa linha de pensamento, entende-se que o dianóstico escolar é muitos significados a partir da coleta de informações do lócus escolar, análise e interpretação de documentos como o projeto político pedagógico, os processos de ensino, os processos de avaliação, a administração dos espaços educadores, relacionando com as observações do cotidiano escolar, mas o que é uma escola?
Luck (2009) responde que escola é uma organização social construída no seio da sociedade e que tem como finalidade cultivar e transmitir valores sociais essenciais e contribuir para a formação de cidadãos, mediante experiências de aprendizagem e também com ambiente de aprendizagens adequados aos princípios e objetivos da educação. E que possibilite a esses alunos conhecendo o mundo e se conhecendo, a transformação desse mundo. E com isso, a qualidade do ambiente escolar é fundamental para o sucesso dos processos pedagógicos essenciais que acontecem na sala de aula: planos de aula, regência, ensino, aprendizagem, avaliação, intervenções pedagógicos, gestão dos espaços e tempos de aula, gestão dos recursos pedagógicos, metodologia de ensino, etc.
E essas observações poderão permitir e vislumbrar que a qualidade do ambiente escolar em sua totalidade determina a qualidade do processo pedagógico da sala de aula e que é determinada por um conjunto de cuidados destacados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LUCK, 2009) em que essa autora elenca: a elaboração e execução da proposta pedagógica; a administração de pessoal; a administração de recursos materiais e patrimoniais; a administração financeira; o cumprimento dos 200 dias letivos e 800 horas-aula estabelecidos; o cumprimento do plano de trabalho de cada docente; a recuperação dos alunos de menor rendimento; a articulação com as famílias e a comunidade; e a criação de processos para integrar sociedade com a família e por último, a informação dos pais sobre a frequência e rendimentos dos alunos.
Nessa linha de pensamento, o diagnóstico escolar, é uma oportunidade de observar, conhecer e compreender os processos do cotidiano escolar, como por exemplo: as intervenções pedagógicas dos coordenadores escolares realizando atendimento individual aos alunos com mais necessidades; o acompanhamento do gestor nos processos administrativos e pedagógicos; o acompanhamento da gestão pedagógica na sala de aula para averiguar o planejamento dos professores, os processos pedagógicos na sala de aula; a merendeira contando alunos na sala de aula para planejar o quantitativo de merenda escolar; os funcionários – os primeiros educadores que recebem os alunos na entrada do portão; as merendeiras na organização e entrega da merenda.
E a percepção de que nesse lócus escolar está sendo realizada uma organização escolar e a execução de uma proposta pedagógica focada na gestão para resultados, quando, por exemplo, toda a sala de aula tem gráficos com o desempenho dos alunos por disciplina, por bimestre, quando alunos e professores podem ter um diagnóstico do desempenho escolar.
Uma questão importante o que é diagnóstico e por que é importante para professor no seu processo de ensino e aprendizagem? Almeida et al (2002) responde que o diagnóstico é importante como base para o desenvolvimento do estágio em que o professor aprendiz possa planejar, replanejar e atingir os objetivos propostos pelo professor formador e assim refletir sobre o cotidiano escolar e corrigir os desvios do processo,
Para Almeida et al (2001 apud Libâneo, 2001) o diagnostico consiste em levantar dados, informações com o objetivo de desenvolver uma visão de totalidade, necessidades e problemas da escola e facilitar a caminhada do professor aprendiz no estágio. Completa ainda as autoras: é importante sentir de perto a estrutura, a organização e o funcionamento da unidade escolar, por isso é importante que observemos atentamente seus hábitos, sua cultura e sua rotina. (ALMEIDA et al, 2002).
Nessa linha de pensamento, o professor precisa desenvolve um trabalho de vivenciar o cotidiano escolar, não só apenas levantar dados e informações, mas para compreender que a estrutura escolar é entendida como espaços educadores que devem ser cuidados com muita atenção e organização da rotina de trabalho.
Sobre a relação professor e aluno há uma liação aprendida: que os alunos precisam muito mais de compreensão do que de elogios e que se o professor partir para o confronto perde o sentido e controle da regência – os alunos não têm medo de punições (isso é um fato). E o que desafio mais importante do professor é envolvê-lo no processo de ensino e aprendizagem.
O professor precisa desenvolver uma relação interpessoal para conquistar os alunos para o trabalho cognitivo, respeitar o seu conhecimento prévio, o aluno como sujeito histórico, valorizar a sua participação durante a aula.
E as experiências vividas e lições aprendidas mostram que cada turma é um microcosmo, com suas individualidades e particulares, cada aluno é sujeito histórico com suas necessidades e desejos. E se os professores conseguirem captar esses desejos e necessidades desses alunos têm tudo para realizar uma docência com muita competência em que aprendizagem acontecerá naturalmente.
E isso será um momento maravilhoso de aprendizado, descobertas, sentindo a escola viva, funcionando e os significados de um trabalho nos olhos dos alunos, a cada palavra, a cada gesto. E eis as coisas boas de um trabalho, o relacionamento afetivo com os alunos.
E nesse processo de diagnóstico, observação da escola, observação da regência, o professor tem a oportunidade de ver o lócus escolar em movimento, os seus fluxos, os seus processos, os seus alunos, os professores. Observar movimento acontecendo na entrada dos alunos, dos professores, o porteiro que diz que se sente muito feliz quando recebe um bom dia, o porteiro como o primeiro educador que recebe os alunos.
Esses alunos que se encaminham para o pátio, conversam entre si, outros vão brincar na quadra coberta durante o recreio, a sala de aula, esse momento importante do recreio em que o núcleo gestor está atento aos comportamentos dos alunos, o atendimento individual dos alunos pela coordenação pedagógica, os alunos dançarino que vão aproveitar o horário do recreio para aprimorar os movimentos dos seus corpos, esses mesmos alunos que estão de farda no contraturno para melhorar os movimentos dos seus corpos em passos que são meticulosamente ensaiados.
Esses alunos que estão estudando debaixo de uma tamarineira, revendo exercícios, o cantinho do saber, o cantinho da saúde, momentos alegres na quadra de esporte, o fluxo de professores e funcionários da escola no acompanhamento dos processos pedagógicos. As rotinas escolares, as frases edificantes nas paredes, do pátio, das salas de aula, os gráficos com o desempenho dos alunos no sistema de avaliação do município que estão pregados e expostos nas salas de aulas.
São gráficos por disciplina, por aluno e cada bimestre. Os professores sabem quais competências, quais descritores os alunos avançaram, mas também sabem onde precisam investir mais nas intervenções pedagógicas. E que esses resultados externos são importantes para qualificar o planejamento e as intervenções pedagógicas.
Outra questão importante, o mapeamento da sala de aula, conforme Programa Diretor de Turma, a cada mês os alunos têm locais mapeados e onde deverão se sentar na sala de aula. E a primeira observação da professora é fazer com que cada aluno fique sentado conforme esse mapeamento. E dessa forma, isso facilita a organização da sala de aula, que sempre está em forma U, o que facilita o fluxo do professor por toda a sala de aula, durante o ensino, mas a avaliação e exercícios avaliativos os alunos voltam a formar cadeiras enfileiradas. E e o professor pode caminhar pela sala de aula, conversar com o aluno olho no olho, realizar os diálogos necessários e a realização das atividades propostas.
E todos esses procedimentos são experiências vividas e lições aprendidas quando o professor realiza o diagnóstico e são reverberadas por Almeida et al (2002) quando discorre que todos esses procedimentos são estruturas organizadas pelas secretarias municipais de educação e que fazem parte da estrutura organizacional das escolas (espaços educadores na compreensão desse do professor) desenvolvendo comportamento, hábitos, atitudes, maneiras da escola ser conduzida pelos gestores e professores.
E certamente esse conhecimento da realidade escolar (a rede de relações entre professores, gestores, alunos, funcionários) que também é um inventário da realidade poderá facilitar o trabalho do professor, enquanto pesquisador do cotidiano escolar. A escola é única, é uma entidade única porque o projeto político pedagógico, construído coletivamente pela comunidade escolar, dá a identidade escolar, o seu processo de reterritorialização dentro do sistema municipal de educação. Os pais sabem o que de bom a escola oferece aos seus filhos, os seus professores, a direção da escola.
E o que acontece dentro da escola, o sistema de avaliação da SEDUC, o portfólio do professor (o professor precis ter um portfólio) que precisa ser atualizado com o seus planos de aulas, registros das aulas. E que é acompanhamento diuturnamente pela coordenação e mensalmente pelos das CREDES, o trabalho por competências e habilidades, quando os professores sabem os descritores que precisam investir mais energias nas suas turmas. Tudo isso pode ser um grande aprendizado e mostram os motivos porque o municíos e escolas têm evoluído nos seus indicadores como o IDEB e Prova Brasil.
As investigações da realidade escolar mostram que diagnóstico da realidade é fundamental para compreensão e melhor desempenho do professor, que qualificar o seu planejamento para certas desmiticações, a desmassificação de massas, analisar o que acontece na escola, os acompanhamentos pedagógicos, os sistemas de de avaliação, a forma como os professores preparam os alunos para enfrentarem do ENEM e SPAECE. E a forma como o professor planeja os conteúdos que seriam trabalhadas na prova, ou seja, os procedimentos e a compreensão das rotinas escolares importantes para o melhor desempenho na regência escolar.
E esse diagnóstico pode considerar o que já se sabia anteriormente, que é caracterização social da escola, situada do entorno da escolas, as questões econômicas e sociais, a fragmentação das famílias, a violência, alunos de mãe solteira, separada,etc. Jovens que já fizeram aborto, jovens ameaçados de morte, jovens que já tiveram amigos mortos e outros viciados por drogas, drogas que andam farejando mais vítimas e que demandam mais cuidados de professores e de gestores.
Diagnóstico que também poderá perceber a estrutura física, os seus espaços educadores, a estrutura organizacional composta do Nùcleo Gestor, secretária, agentes administrativos, serviços gerais, porteiro, merendeiras, professores, todos educadores nos seus espaços organizados e educadores.
Outra questão importante é compreender o planejamento, diários, semanal e a experiência uma professora que estuda, avalia, atende alunos pelo whatsapp (o professor poderá criar um grupo para cada turma, para dirimir dúvidas, entrar em contato com as mães). Interessante essa aplicação de uma tecnologia, quando aluno tira uma foto do exercício que está tentando resolver, manda uma cópia para a professora. E a professora desenvolve um tipo de mediação pedagógica, através da tecnologia, com pistas e questionamentos, sem nunca dá a resposta para o aluno.
E qual é o problema de desenvolver esse tipo de atendimento à distância? Segundo a professora, esse tipo de orientação tirou ainda mais o pouco tempo com a família. E como o bom planejamento, a elaboração dos planos de aulas, os estudos com os conteúdos que foram selecionados são importantes para o sucesso escolar.
E essa pesquisa da realidade escolar permiti compreender as condições em que se dão os trabalho dos professores,a jornada de trabalho, incluindo o planejamento, o projeto político pedagógico, o que possibilitou desenvolver nesse aprendiz reflexões críticas sobre a escola e o desenvolvimento intelectual de pesquisador do cotidiano escolar. E isso, é uma oportunidade de refletir sobre a prática docente a partir do conhecimento do cotidiano escolar e os espaços em que acontece o ensino (não só na sala de aula), mas em todo ambiente escolar, os seus espaços educadores nessa caminhada da primeira etapa do estágio escolar – o diagnóstico escolar, mas e o Projeto Político Pedagógico? Que lições foram aprendidas?

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