quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Avaliação como orientação da prática do professor precisa ser diagnóstica, formativa e somativa.


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Penso que nenhum país resolverá o problema da educação se não resolver o problema da avaliação. E avaliação só tem sentido se objetivar a reflexão dos processos pedagógicos, principalmente o planejamento e prática do professor.
Nesse sentido, avaliação não é apenas para avaliar o aluno, seu percurso durante certo período, mas principalmente para dá feedback ao trabalho do professor, suas estratégias de ensino e metodologia, ou seja, ela também tem a finalidade de subsidiar o trabalho pedagógico, redirecionando o processo de ensino e aprendizagem.
Conforme Santos e Varela (2007) o ato de avaliar consiste na coleta, na análise e síntese dos dados, processados e comparados de acordo com padrões de qualidade estabelecido, em cima de um objeto, para mantê-lo ou modificá-lo. De acordo com Vidal e Maia (2010, p. 83) a avaliação proporciona ao aluno, ao professor e aos tutores uma análise reflexiva dos avanços e dificuldades do processo ensino e aprendizagem
Dessa forma, a avaliação como caráter formativo procura realizar intervenções pedagógicas com o objetivo de melhorar a aprendizagem e aquisição de conhecimento para os alunos com dificuldades, aperfeiçoando a prática escolar.
Nesse sentido, a avaliação é compreendida como um processo contínuo e dinâmico que vai ao encontro da reflexão inicial (não se pode resolver o problema da educação (práticas pedagógicas, por exemplo) se não resolver o problema da avaliação).
E por isso, que a avaliação é vista como diagnóstica, contínua e como instrumento (formativo) para se repensar e reformar os métodos de ensino, os procedimentos, as estratégias de ensino para que o aluno aprenda de fato. E a avaliação só tem sentido se for para cumprir essa finalidade. Assim, segundo, Santos e Varela (2007) , o professor deve empregar no seu fazer pedagógico diversas técnicas e instrumentos variados para diagnosticar o começo, o durante e o fim de todo o processo avaliativo.
Sem desconsiderar a função da escola de educar, formar o cidadão crítico que esse país precisa no final do processo de ensino, também é preciso ter foco na aprendizagem do aluno. E se a avaliação somativa demonstrar que o aluno não atingiu os objetivos propostos? O que fazer? Avaliar o próprio processo de ensino, as estratégias de ensino, os recursos pedagógicos utilizados, a metodologia de ensino do professor, etc.? Ou achar que o culpado é somente aluno, incapaz de aprender, ou afirmar que o aluno "não quer nada”?
Bem, a partir desses questionamentos devemos pensar que a escola, professores e gestores desenvolvem uma compreensão de mundo e educação, uma proposta pedagógica (a priori), um currículo, não é isso? E se a escola reproduz o modelo mecanicista e reproduz uma sociedade da competição e da exclusão, o que se sobra uma avaliação classificatória através de exames? Talvez sim.
A partir dessas reflexões e questionamentos, adentramos na compreensão das finalidades da avaliação diagnóstica, formativa e somativa.
De acordo com (Vidal e Maia, 2010, p. 80) a avaliação da aprendizagem assumirá funções diagnóstica, formativa e somativa, desenvolvendo-se de forma contínua, cumulativa e compreensiva, utilizando-se os seguintes instrumentos: trabalhos, pesquisas, atividades laboratoriais, atividades de campo, relatórios, atividades que possam desenvolver competências e habilidades nos alunos.
A avaliação diagnóstica, que chamamos também de avaliação inicial objetiva avaliar os conhecimentos prévios, competências e habilidades que os alunos desenvolveram ao longo dos seus estudos.
A avaliação diagnóstica se dará através de prova e produção textual e outros instrumentos (no início do ano e em cada mês) para se perceber o grau de desenvolvimento dos alunos em determinada competência e habilidade, analisando os descritores (instrumentos que descrevem o nível de habilidades em cada item avaliado, do mais simples ao nível que exige maior complexidade na resolução).
A avaliação diagnóstica também se caracteriza por momentos de síntese nos encontros coletivos, onde professores avaliam mensalmente os avanços e dificuldades de cada aluno.
A produção textual revela o nível de desenvolvimento do aluno na escrita, sua capacidade de discorrer um texto e seu nível de compreensão da palavra escrita e também de mundo.
E essa avaliação diagnóstica só tem sentido se houver no conjunto da proposta pedagógica da escola estratégias diferenciadas. Por exemplo, o que fazer com alunos com pouco domínio da leitura e da escrita? O que fazer com o aluno que ainda tem dificuldades de aritmética, quando se trabalhar com expressões algébricas mais complicadas?
Para Santos e Varela (2007) a avaliação diagnóstica é realizada através de sondagem, projeção, situações de aprendizagem, avaliando o que aprendeu e avaliar em que medida os conhecimentos anteriores ocorreram e o que é necessário planejar para selecionar dificuldades encontradas. E por isso, objetiva a uma tomada de decisão, estando a serviço de uma pedagogia que visa a transformação social.
Nessa linha de pensamento, a avaliação diagnóstica é importnate para dá conta das atividades porque o processo avaliativo é contínuo, onde professores sabem quais os alunos com maiores dificuldades e quem precisa de intervenções pedagógicas para avançar.
Em uma escola da 12ª CREDE, a coordenadora escolar aponta que a avaliação diagnóstica é feita bimestralmente, experiência que poucas escolas fazem através da avaliação textual. E é a partir da avaliação diagnóstica que professores (momento de síntese avaliativa dos alunos), elaboram projetos de intervenção pedagógica e organização da rotina de trabalho. Se o aluno tem ainda dificuldades a trabalhar com produção de textos, o professor precisa retomar esse processo e rever novas estratégias. A escola tem um portfólio de cada aluno.
Nessa linha de pensamento, o método de avaliação diagnóstica dessa escola é importante porque todos os professores são orientados a trabalhar com leitura, produção e interpretação textual para os alunos que apresentam essa dificuldade (situação idenfificada pela avaliação diagnóstica). E todos alunos que chegam à escola são avaliados e produzidos um portfólio com os primeiros textos e que depois são comparados durante o processo.
Dessa forma, essa escola procura conhecer as caracaterísticas de aprendizagem dos seus alunos e buscar desenvolver projetos mais adequados para os alunos (os aspectos fortes e fracos) e busca conhecer o ocnhecimento prévio para planejamento de intervenções pedagógicas necessárias.
E esse processo é diferente de outras avaliações, ele é mais profundo e intervencionista quando aponta aonde investir mais força, tempo e reforço para os alunos com dificuldades, quando, por exemplo, a avaliação classificatória (exames) classifica se o aluno sabe ou não sabe e ponto final (ela é pontual e conclusiva porque coloca no aluno uma menção: aprovado ou reprovado, etc.). E para Santos e Varela(2007) muitas vezes, a escola tem se apoiado na avaliação classificatória objetivando avaliar a aprendizagem ou competências através de medidas, de quantificações.
Já a avaliação formativa e processual acontece dentro do processo de ensino e aprendizagem, onde os professores vão trabalhar os conteúdos e ao mesmo tempo avaliando pari passu o desenvolvimento dos alunos. A finalidade é melhorar o processo de ensino e aprendizagem e que as práticas docentes se ajustem às necessidades dos alunos.
Cada aluno tem portfólio (pasta em que contem os avanços e dificuldades de cada aluno, experiência de uma escola profissional de Boa Viagem), aonde mês a mês os professores e coordenadores escolares vão avaliando a progressão dos seus alunos. E essas informações permitem os ajustes dos professores, a reorientação da prática do professor, as competências e aprendizagens dos alunos.
Segundo a coordenadora escolar, cada aluno tem um portfólio com registros sobre avanços e dificuldades. E a partir dessas informações, a escola desenvolve intervenções pedagógicas através de um grupo de apoio que vai reforçar a aprendizagem dos alunos com maiores dificuldades no contraturno, utilizando metodologias diversas. E se a prova não é bem elaborado, os itens são avaliados e os alunos são ser avaliaos dentro dos itens que errou, conforme descritor.
E nesse final do processo avaliativo, a avaliação somativa, por exemplo, acontece quando a ação pedagógica já foi finalizada. E os resultados devem ser utilizados para avaliar o programa, o currículo, o processo de ensino, o trabalho pedagógico.
Já a avaliação formativa acontece durante todo o processo de ensino e tem objetivo para professores reverem os seus processos de ensino, suas estratégias, sua metodologia de ensino, os materiais utilizados, os ambientes de aprendizagem como laboratórios de informática, laboratórios de ciências, biblioteca, a forma de orientação da pesquisa ao aluno, os livros, ou seja, todos os recursos pedagógicos. É o momento de o professor refletir sobre a sua prática pedagógica (práxis) - ou seja, por em prática a condição do professor reflexivo para que os alunos possam atingir os objetivos propostos da aprendizagem.
A título de considerações, as pesquisas apontam que existe muito pouco de avaliação formativa na prática, o que acontece é que o existe ao final do aluno, a avaliação classificatória, pouco se preocupando o desenvolvimento do aluno.
E que a existência da avaliação diagnóstica (analisar os conhecimentos prévios dos alunos), conforme proposta de cada escola, é importante pelo feedback que é fornecido à escola, através de gráficos e análises dos descritores.. Que descritor a escola precisa trabalhar mais com os alunos, considerando e orientando que o professor precisa estudar mais e rever sua prática pedagógica para reorientar o seu trabalho pedagógico.
A avaliação nesse sentido, não é um instrumento de punição, mas de formação do professor para que ele possa buscar estratégias diferenciadas e atingir as necessidades dos alunos. E como instrumentos formadores dos professores.
E que a avaliação formativa teria grande finalidade de subsidiar o trabalho docente para maior consciência de sua prática e busca de novas estratégias de ensino.
Por fim, se a escola se entende como instrumento de reprodução das desigualdades sociais e do modelo segregador e excludente que está posto (o modelo social e político que está posto), basta apenas aplicar uma prova no final do ano com objetivo de classificar alunos).
Mas se escola tem uma proposta pedagógica de transformação da sociedade, uma proposta de intervenção na realidade, uma proposta comprometida com a inclusão de jovens, da aprendizagem de todos os alunos, então é forçoso desenvolver no seu currículo a avaliação como proposta diagnóstica e formativa.
E o professor dá muita atenção ao aluno que acerta tudo, mas pouco dá atenção ao que erra. Porque a função da avaliação é: tratamento dos que estão com dificuldades.; replanejamento (de rever conteúdos, de rever planejamento, de rever estratégias, de rever procedimentos e planejar novas estratégias).
Nesse sentido, A avaliação é muito importante porque afeta todo o desenvolvimento dos educadores, ou deveria afetar porque eles têm mais informações para trabalhar individualmente cada aluno e desenvolver também estratégias no coletivo de alunos.
E por isso, os alunos com maiores dificuldades deverão passar por intervenções pedagógicas contínuas, de forma individual, em dupla e com o apoio da coordenação pedagógica (orientação pedagógica porque se o professor apenas ouvir e não colocar em prática, os alunos continuarão mal no processo avaliativo). E por isso, que as avaliações podem e devem modificar o trabalho dos professores e da coordenação pedagógica.
E que ponto o trabalho do coordenador pedagógico está referenciado pelas avaliações externas e também avaliações internas E o trabalho dos coordenadores devem ser reorientado em função das avaliações com as intervenções pedagógicas para os alunos que apresentam dificuldades.
Portanto, o que determina a avaliação é o contexto pelo qual a avaliação se dirige. E o projeto que está em discussão é projeto de inclusão. Enquanto não estivermos uma educação para todos, não haverá efetivamente o conceito de Nação. Portanto, temos muito que caminhar, a reformulação do currículo, a formação dos professores, a reorientação da prática pedagógica e principalmente um projeto de avaliação comprometido com o desenvolvimento potencial de todos os alunos. 
Referência

SANTOS, Monalize Rigon da; VARELA, Simone. A Avaliação como um Instrumento Diagnóstico da Construção do Conhecimento nas Séries Inicias do Ensino Fundamental


VIDAL, Heloisa Maia; MAIA, José Everardo Bessa Maia. Introdução a Educação a Distância e Informática Básica. 2010. Editora RDS. 

Conhecimento x Informação

Tenho pensado sempre da prática docente no atual contexto da educação. Continuo a discorrer sobre a importância do professor ou tutor como mediador na linda tarefa de ajudar o aluno a transformar informação em conhecimento.
Eis o desafio. Vejam abaixo a imagem e percebam que nessa suposta sociedade do conhecimento o professor é ainda mais importante, mas vamos pensar que professor estamos falando.O professor transmite informação ou conhecimento? O professor tem a função de transmitir algo para os alunos ou criar situações para que estes possam desenvolver algo mais elaborado? Qual o cerne principal da novas tecnologias na educação?
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FOTO: Informação vs. Conhecimento; desenho que está circulando no Facebook.
Herton Escobar /  O Estado de S. Paulo
Na era digital, informações não faltam. Abundam! Mas quem tem tempo de ler tanta coisa? Ou pior: Quem tem tempo de pensar sobre tanta coisa, estabelecer relações entre todas essas informações e aprender, de fato, alguma coisa com elas?
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http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/informacao-versus-conhecimento/
Jean Piaget, o conhecimento resulta de um processo de construção, mediante atividade do sujeito em interação permanente com seu mundo físico e social. Isso significa que o conhecimento não é doado de um ser humano para o outro, por melhores que sejam as intenções de quem pretende ensinar alguma coisa a alguém.
E tu descreves as características necessárias ao bom tutor e seu papel no processo de ensino e aprendizagem como mediador e

Educação Rural X Educação no/do campo

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Para responder esse questionamento, as reflexões tiveram como fonte principal o Dicionário da Educação do Campo que traz muitas luzes sobre a concepção de Educação do Campo que não se configura como uma Educação Rural alternativa, mas a disputa de projetos, mesmo porque sua especifidade está no campo(nos processos de trabalho, na cultura, nas lutas sociais e seus sujeitos concretos qu estão no campo. (CALDART, 2012 p.14). E por quê essa discussão é importante?

Porque de um lado temos o agronegócio e de outro a agricultura camponesa. De outro existe uma dispṕuta de projetos educativos e pedagógicos que se radica no confronto de projetos no pensar e fazer a educação dos camponeses (CALDART, p. 16)

Nessa sentido, Caldart (2002, p. 18) faz um importante questionamento: por que não aceitamos mais falar em educação para o meio rural e afirmamos nossa identidade vinculada a uma educação do campo? E que une e identifica os diferentes sujeitos da educação do campo? A pesquisadora responde que a educação do campo identifica uma luta pelo direito de todos à educação, uma educção que seja NO e DO campo:

No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas sociais.

Nessa linha de pensamento, de acordo com Caldart(2012, p. 240, ao contrário de Educação do Campo (um projeto dos camponeses para os camponeses
projeto identitário), a educação rural é um projeto dos organismos oficiais com a finalidade de escolarizar como instrumento de adaptação do homem ao produtismo e à idealização de um mundo de trabalho urbano. Além do mais, esse projeto de educação rural tem contribuído para provocar a saída dos sujeitos do campo para se tornarem operáriios nas periferias dos grandes centro urbanos. Ademais, a educação rural é parte do projeto do capitalismo e tem caráter colonizador e escravocrata.

políticas educacionais desenvolvidas para a população campesina pelos governos brasileiros.


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O Brasil tem uma população de 42,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade que não frequentam a escola e que não têm o ensino fundamental completo. O número de estudantes matriculados na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) é mais de 3,7 milhões de pessoas (INEP/MEC, 2013). Da população com 15 anos ou mais de idade, 13,3 milhões são consideradas analfabetas [8,5%] (PNAD/IBGE, 2013

Essas estatísticas apresentam uma questão emblemática para o país: uma parte considerável de jovens ao concluir o ensino fundamental não adentra ao ensino médio por várias razões; outra parte nem consegue concluir o ensino fundamental e que 13,3 milhões são considerados analfabetos. E esses dados mostram que o desafio da permanência do jovem na escola carace de mais esforço dos sistemas educacionais e de gestores públicos e principalmente: a importância de desenvolver uma educação do campo que atenda às necessidades dos sujeitos do campo.

O fato é que o abandono do povo que mora no campo sempre foi um projeto das elites brasileiras. Não se tem milhões de jovens fora da escola e outro tanto analfabetos porque esse sempre foi o projeto das elites que governaram esse país ao londo dos anos. Não se desenvolveu um projeto de desenvolvimento de oportunidades para os povos que moram no campo.