Para
responder esse questionamento, as reflexões tiveram como fonte
principal o Dicionário da Educação do Campo que traz muitas luzes
sobre a concepção de Educação do Campo que não se configura como
uma Educação Rural alternativa, mas a disputa de projetos, mesmo
porque sua especifidade está no campo(nos processos de trabalho, na
cultura, nas lutas sociais e seus sujeitos concretos qu estão no
campo. (CALDART, 2012 p.14). E por quê essa discussão é
importante?
Porque
de um lado temos o agronegócio e de outro a agricultura camponesa.
De outro existe uma dispṕuta de projetos educativos e pedagógicos
que se radica no confronto de projetos no pensar e fazer a educação
dos camponeses (CALDART, p. 16)
Nessa
sentido, Caldart (2002, p. 18) faz um importante questionamento: por
que não aceitamos mais falar em educação para o meio rural e
afirmamos nossa identidade vinculada a uma educação do campo? E que
une e identifica os diferentes sujeitos da educação do campo? A
pesquisadora responde que a educação do campo identifica uma luta
pelo direito de todos à educação, uma educção que seja NO e DO
campo:
No:
o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem
direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua
participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades
humanas sociais.
Nessa
linha de pensamento, de acordo com Caldart(2012, p. 240, ao contrário
de Educação do Campo (um projeto dos camponeses para os camponeses
– projeto
identitário), a educação rural é um projeto dos organismos
oficiais com a finalidade de escolarizar como instrumento de
adaptação do homem ao produtismo e à idealização de um mundo de
trabalho urbano. Além do mais, esse projeto de educação
rural tem contribuído para provocar a saída dos sujeitos do campo
para se tornarem operários nas periferias dos grandes centro
urbanos. Ademais, a educação rural é parte do projeto do
capitalismo e tem caráter colonizador e escravocrata.
Uma
questão importante a desenvolver a discussão sobre educação rural
x educação do campo é refletir e identificar os sujeitos que a que
elas se destinam. Da educação rural, percebe-se que os sujeitos são
constituídos pela população agrícola em que a agricultura é o
principal instrumento de manutenção das famílias e que recebem os
menores rendimentos pelo trabalho realizado.
E
por outro lado, na educação rural, a educação ofertada é no
mesmo modelo de educação urbana e não há adequação ao contexto
da realidade rural, ou seja, não há uma preocupação em
desenvolver um currículo escolar adequado para os filhos dos
trabalhadores camponeses, que não considera os saberes da cultura
camponesa.
Portanto,
segundo Caldart (2012 p.300) diferente da educação rural, a
educação do campo está inserida em projeto popular de sociedade,
inspirado e sustentado na solidariedade e na dignidade camponesas em
que os sujeitos da educação do campo são os sujeitos do campo com
suas diferentes identidades em sua identidade comum (CALDART, 2002,
p. 19). Dessa forma, continua a pesquisadora: a perspectiva da
educação do campo é exatamente a de educar este povo, estas
pessaos que trabalham no campo, para que se articulem, se organizem e
assumam a condição de sujeitos da direção do seu destino.
REFEREÊNCIAS
CALDART,
R. S. Por uma Educação do Campo: Traços de uma identidade em
construção. In. KOLING, E. J.; CERIOLI, P.; CALDART, R. S. Educação
do Campo: identidade e políticas públicas. Brasília-DF, 2002.
CALDART,
Roseli Salete. PEREIRA, Isabel Brasil; ALENTEJANO, Paulo. FRIGOTTO,
Gaudêncio. Dicionário
da Educação do Campo.
Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, Expressão Popular, 2012.
GADOTTI,
Moacir. História
das Idéias Pedagógicas.
5ª ed. São Paulo: Ática, 1997.
LIBÂNEO,
José Carlos. Adeus
Professor, Adeus Professora?:
novas exigências educacionais
e
profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998.
NIDELCOFF,
Maria Teresa. Uma
Escola para o Povo.
25ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1986.
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