quinta-feira, 31 de outubro de 2019

As tecnologias na educação e a importância da atuação do professor no processo de ensino e aprendizagem.

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As tecnologias na educação e a importância da atuação do professor no processo de ensino e aprendizagem.
Luís Moreira de Oliveira Filho
Muito se tem debatido sobre as contribuições das tecnologias na educação nas diversas áreas do conhecimento e aqui vamos discorrer sobre os desafios do ensino de biologia em que as redes sociais tomaram o cérebro e a quase o tempo da juventude. O tempo de hoje não é o mais o tempo da informação, mas das ideias e da imaginação criadora que recriam coisas e transformam outras. E as tecnologias da informação vieram para potencializar ainda mais a imaginação criadora humana.
Hoje o mundo do encantamento das ideias e da criação separa as pessoas realizadoras e de sucesso das pessoas que propagam coisas em um processo em que tudo parece verdades, perdendo-se a capacidade de argumentação e questionamentos sobre a realidade que está aí, uma realidade que é construída pelo homem e que, portanto, pode-se mudá-la. Como diz um pensador, Heráclito de Efeso: ninguém entra no mesmo rio uma segunda vez, pois quando isto acontece já não se é mais o mesmo. Assim como as águas que já serão outras. E eu complemento: as mãos que apertamos hoje de um amigo não serão mesmas que apertaremos a manhã porque continuamos com a renovação de nossas células e parte da poeira de nossas casas é resto de nós mesmo, porquanto, tudo se renova e tudo se transforma e a verdade como diz o filósofo, não está no homem, mas entre os homens.
Vivemos, então, em um tempo em que o maior problema é o excesso de informação, onde a verdade virou um artigo de luxo pela incapacidade de pensar e fazer questionamentos. E por isso, nunca foi tão importante o papel do professor nesse momento onde as redes sociais tomaram o universo das pessoas.


E o desafio do professor é ajudar o aluno na ressignificação da informação, na resolução de desafios e situação de aprendizagens, sendo necessário, porquanto, de um referencial teórico e uma proposta pedagógica na escola para casar tecnologia com educação.
Um casamento não por modismo, mas por necessidade de repensar o processo de ensino diante das novas possibilidades de aprendizagens oportunizadas pelas novas mídias, não associando modernização educacional à incorporação de novas produções tecnológicas recentes como as tecnologias da informação e comunicação como alertam os pesquisadores Vidal e Maia (2010) no livro introdução a educação a distância e informática básica, capítulo dois que versa sobre tecnologias na educação, onde os autores fazem uma revisão histórica e contextualizada sobre as tecnologias educacionais como lápis, papel, material impresso, livros, televisores, DVD e as tecnologias e mídias mais recentes, como os audiovisuais que podem cumprir várias funções e objetivos pedagógicos a depender do planejamento do professor e de sua visão de mundo e de educação por um lado, por outro, de seu preparo ou não para manusearem estas novas tecnologias no enfrentamento do analfabetismo tecnológico e alienação.
As observações de Vidal e Maia (2010, p. 44) para integração entre tecnologias e currículo são importante reflexões para os professor, alertando que o currículo é a matriz norteadora do trabalho docente e que:
o computador e a internet podem ser empregados como excelentes recursos pedagógicos, mas é importante não perder de vista que a tecnologia não representa, por si só, um fator de mudança de paradigma e de qualidade na educação. Ambos, com seu imenso potencial de tratamento, difusão e gerenciamento de informações, podem desempenhar um papel significativo no espaço escolar.
Nessa linha de pensamento, alguns questionamentos são necessários: as tecnologias estão ainda divorciadas do processo de ensino? O cerne da questão é tecnologia ou metodologia? Qual são as utilizações mais nobres das tecnologias na educação? Para replicar o modelo de educação amparado nas copias e na instrução? Quais as novas formas de ensino e de aprender possibilitadas pelas tecnologias atuais? Qual é o papel do professor nesse processo? Qual é o papel do aluno? Que concepção de educação pode melhor nortear um trabalho do professor que coloque o aluno na condição de autoria? Como o professor de biologia pode dinamizar o seu processo como as novas tecnologias? Que ferramentas poderão ser usadas na educação e de que forma?
As leituras e reflexões do texto – o uso inteligente do computador na educação – vão ao encontro desses questionamento e apontam a necessidade da escola desenvolver uma abordagem pedagógica que provoque mudanças na forma de ensinar. Nesse sentido, as principais ideias do autor Armando Valente, para o uso inteligente do computador na educação, indicam que: o papel do computador é de provocar mudanças pedagógicas profundas; há necessidade de criação de ambientes de aprendizagem que enfatize a construção do conhecimento e não a instrução; o computador deve ser usado como máquina para ser ensinada; é preciso do professor análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender e compreensão sobre mediação pedagógica no processo de ensino e situações de aprendizagem.
Importa observar que o professor, a partir de uma consciência de referencial teórico inovador deve criar situações para aluno manipular as informações recebidas, de modo que elas possam ser transformadas em conhecimento através da resolução de problemas significativos. Sob esse aspecto, o computador oferece oportunidades para o aluno resolver problemas ou realizar tarefas como desenhos e editoração de textos e softwares de simulação, por exemplo: software de simulação sobre a divisão celular, onde todo o processo possa ser revisto e testado, após leituras e estudos no laboratório de ciências, tendo a ideia, segundo Vidal e Maia (2010), de que os alunos são os atores centrais de aprendizagem e que eles têm contrapartida a oferecer ao processo de ensino, construindo conhecimentos através de estratégias colaborativas e interdisicplinares numa concepção construtivista.
Nessa linha de pensamento, a abordagem “construcionista” – termo utilizado por Papert em A Máquina das Crianças, repensando a educação – a interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional que tenha conhecimento do significado do processo de aprendizagem – uma abordagem sociointeracionista de Vygostsky ou mesmo a teoria interacionista de Piajet. Por que?
Por que é necessária a competência da mediação pedagógica e utilização das tecnologias para ajudar o aluno na construção do conhecimento? Vidal e Maia (2010) escrevem que as contribuições de Vygotsk estão presentes na forma bastante efetiva nas formulações e definições das estratégias de interação, aprendizagem e desenvolvimento e na compreensão de que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Por isso, esse profissional da educação precisa entender profundamente sobre o conteúdo para a qualificação da mediação pedagógica e a compreensão dos potenciais das tecnologias na educação e a compreensão das ideias construtivistas e que para Vidal e Maia (2010, p.43) surgem:
(...) como uma vertente fértil, suscetível de reorientar a visão que temos do ensino e da aprendizagem, rompendo barreiras disciplinares e demandando, por sua vez, um currículo flexível, aberto ao imprevisto, ao imprevisível, ao novo; um currículo centrado no aluno e não nas disciplinas, centrado na cognição e não na repetição, voltado para a criatividade e para a autonomia na construção de conhecimentos novos.
Por outro lado, quando se pensa o computador como máquina de ensinar, tem-se o paradigma instrucionista e o papel do professor é passível diante do computador e que este modelo de ensino não dá conta de produzir profissionais para sobreviver em um mundo complexo do conhecimento e da imaginação criadora.
Dessa forma, o cerne da questão está no desenvolvimento de uma proposta pedagógica que oportunize situações para que o aluno possa desenvolver conhecimento, criar algo, produzir hipertextos, hipermídia, editoração de toda e qualquer forma de conteúdo digital e publicar, por exemplo, em blog, canais de youtube e redes sociais.
E por isso, o desafio de construção de blogs como ferramentas de construção de conhecimento colaborativo, o uso inteligente do e-mail e de instrumentos mais atuais como tablets e smartphones que potencializam a virtualidade e a portabilidade, revisitando conceitos de presencialidade, distância na interação professor-aluno e alunos-alunos, pais, escolas e escolas-escolas e o próprio universo, requer intervenções do professor.
Nessa perspectiva, o papel do professor é ser mediador, provocar nos alunos as perguntas fundamentais sobre o objeto a ser ensinado, lançando desafios e fornecendo pistas para que os alunos avancem na resolução das atividades propostas em visão sócio-interacionista e numa pedagogia dialógica proposta por Paulo Freire. E como seria essa visão sócio-interacionista com as novas tecnologias da informação e comunicação?
Sobre essa perspectiva sócio-interacionista com as novas tecnologias no processo de ensino, a qualidade da intervenção do professor é importantíssima, por exemplo, quando o aluno é desafiado a produzir um vídeo a partir de uma aula de campo sobre o bioma caatinga. Essa mediação consiste, por exemplo, verificar e detectar se o aluno está fazendo o que sabe, o que pode se está aquém de seu potencial e o quanto poderia avançar. Os momentos de síntese avaliativos podem ser feitos por meio de chat, e-mail, videoconferência, fórum de discussão, blog, etc. O que fato é que professores têm mais ferramentas para acompanhar os avanços dos alunos na resolução das atividades em situações de aprendizagem.
Nessa perspectiva vygotskiana, o estudante tem a capacidade de ir além das estruturas e do nível de desenvolvimento estabelecidos por Piaget, se o professor interferir, ajudar, em vez de deixá-lo trabalhar sozinho e só ficar acompanhando o que ela sabe. O envio de um tutorial, um momento de síntese, o envio de dicas “pistas” são importantíssimas, como por exemplo, na elaboração de um blog para quem tem pouca familiaridade com essa ferramenta de ensino e aprendizagem, atuando, portanto, dentro da zona de desenvolvimento proximal do aluno para atingir o nível de desenvolvimento potencial.
Para Vygotsky o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) consiste na qualidade da mediação pedagógica, posto que é preciso considerar o que o aluno tem capacidade de resolver problemas, desempenhar tarefas, elaborar representações mentais e construir conceitos com a ajuda de seus professores.
Para Vygotsky (1994), a (ZDP) representa a distância entre o que a criança já sabe e consegue efetivamente fazer ou resolver por ele mesmo (nível de desenvolvimento real) e o que ela ainda não sabe, mas pode vir a saber, com a mediação de outras pessoas (nível de desenvolvimento potencial).
E no processo de mediação do professor para a construção de blog de biologia, por exemplo, o aluno vai fazendo o que sabe e vai sendo desafiado a avançar no que não sabe até atingir o nível de desenvolvimento real. Dessa forma, os objetivos propostos pelo professor na resolução da atividade proposta vão se materializando na medida em que interação aluno-aluno, professor-aluno e outras pessoas mais experientes no uso dessas ferramentas vai se aprofundando e atingindo o nível de desenvolvimento potencial de cada aluno.
Para tanto, os professores criarão desafios, abordagens para além desse nível e a utilização de diversos meios e instrumentos de apoio e suporte como as tecnologias digitais, que podem intermediar o ensino associado à noção de ZDP. Isso é enfatizado por Vygotsky, quando ele fala que a ZDP pode proporcionar novas maneiras da criança “menos competente”, enfrentar desafios e atividades, graças à ajuda oferecida pelo seu professor ou por pessoas mais experientes (seus colegas) ao longo da interação porque indivíduos internalizam conhecimentos de pessoas mais instruídas.
Nessa perspectiva, o psicólogo bielo-russo, coloca que a ZDP é um espaço sempre em processo de mudança com a própria interação, que pressupõe um relacionamento constante entre alunos e professores e contínuo entre o que os alunos sabem previamente e aquilo que têm de aprender, segundo o planejamento do professor e que, portanto, vai ao encontro da necessidade de compreensão da qualificação da mediação para utilização das novas tecnologias da informação e comunicação na educação.
Em síntese, Vygotsky (1994) identifica dois níveis de desenvolvimento: um se refere às conquistas já efetivas, que ele chama de nível de desenvolvimento real ou afetivo, e outro, o nível de desenvolvimento potencial, que se relaciona às capacidades em vias de serem construídas. E qualidade da mediação pedagógica do professor, "entregando pistas", por exemplo, para a produção de audiovisuais, hipertextos, blogs e desenvolvendo a "pedagogia problematizadora" de Paulo Freire, é condição essencial para o aprendizado dos alunos.
Além do mais, o uso de tecnologias implica nova proposta pedagógica inovadora, onde o aluno é o construtor do conhecimento. E o emprego do computador e as ferramentas da internet podem contribuir para a renovação do processo de aprendizagem e deve ser para o professor, um mecanismo problematizador da relação professor-aluno-tecnologias, ou seja, na construção colaborativa de aprendizagem.
Na concepção construtivista, o professor ajuda o aluno a agir, operar, criar, construir a partir de sua realidade e maturidade mental. E no ensino tradicional o papel do professor consiste em fazer a criança repetir, recitar, aprender o que já está pronto onde as tecnologias, sejam elas antigas como os livros, ou as novas com as mídias digitais apenas reverberarão as concepções de educação que estão postas.
Na concepção de educação crítica, o papel do professor como a utilização das tecnologias (livros e as ferramentas da internet, por exemplo), é desenvolver as potencialidades dos alunos, preparando-os para o mundo do trabalho e para o e exercício da cidadania, contribuindo ainda para formação integral.
Nesse novo fazer pedagógico mediado pelas tecnologias, embasado pelas teorias de Vygotsky, Piaget, Paulo Freire e outros autores construtivistas, o erro é epistêmico porque os estudantes, por exemplo, na construção de hipermídias, hipertextos, objetos de aprendizagem, editoração de textos, mídias, audiovisuais, o aluno, mediado e desafiado pelo professor, reformula suas ideias até atingir o desenvolvimento potencial. E a avaliação neste contexto é constante, diagnóstica, qualitativa e individual até a realização do produto final (aprendizagem).
Portanto, quando se pensa tecnologias na educação, a questão vai muito além da tecnologia, o que está em discussão é a proposta pedagógica e metodologias de ensino que provoquem no aluno as perguntas fundamentais sobre o objeto ensinado. Como novas formas de aprender, blogs e jogos de simulação, por exemplo, é preciso descobrir novas formas de ensinar. E qual a melhor forma de aprender sobre os componentes de uma célula eucariota, não seria a construção de uma célula a partir de componentes do “lixo” produzido nas casas dos alunos?
E por fim, se é consenso entre os professores que o maior desafio hoje é conquistar atenção dos alunos para o ensino de um lado, de outro, também é consenso que é preciso colocar os alunos diretamente em vivências permite uma aprendizagem mais afetiva, a começar pela construção de uma célula e seus componentes, utilizando as tecnologias disponíveis com o apoio do professor. Alunos e professores precisam e devem construir os seus materiais de ensino e aprendizagem e as tecnologias apresentam diversas possibilidade. A construção de audiovisual a partir uma aula no laboratório de ciências, ou mesmo o contato diretamente com a natureza, laboratório natural de aprendizagem, onde os alunos aprendem conhecimento a partir de problemas globais e neles desenvolve a capacidade de inserir os conhecimentos locais.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky – Aprendizado e Desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Spcione, 1993.
PAPERTM, Seymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: um perspectiva histórico-cultural da educação. 6ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
VIDAL, Heloisa Maia; MAIA, José Everardo Bessa Maia. Introdução a Educação a Distância e Informática Básica. 2010. Editora RDS.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.


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