domingo, 15 de janeiro de 2017

Por que parte dos alunos não gosta de estudar?




Bem, a pergunta é um tanto quanto complexa porque envolve uma compreensão das várias causas desse problema, principalmente família e escola.

Bem os alunos que ocuparam as escolas de São Paulo responderam uma coisa interessante e sem novidades para nós: queremos uma escola que além de ensinar, desenvolvam atividades culturais, artísticas, sociais, ambientais, audiovisuais, esportivas e que envolvam os alunos nas atividades cognitivas e artísticas.


Percebe-se que a escola não dá mais conta dos interesses e necessidades dos jovens do século XX1. E algumas perguntas que não fizemos: quem é essa juventude que está chegando em nossas escolas? E o que é a juventude? Juventude tornou o conceito de adolescente obsoleto?

Em 2015 e em anos anteriores falamos tanto em resultados, mas precisamos falar mais em processos pedagógicos e pessoas, principalmente a formação de nossos professores para qualificar melhor esse debate e a qualidade do ensino.

Um fato a ser observado por alunos que ocuparam as escolas de Sâo Paulo, Paraná e Goiás é que as escolas precisam ser interessantes e atingir os interesses de aprendizagem da Juventude e por isso, não se pode fazer ensino apenas com lousa, livros, textos, aulas e fala dos professores. Também não se pode fazer EaD apenas com ferramentas de internet, redes e computadores, etc. Por trás de tudo isso existe uma coisa maior: envolvimento entre professores e alunos, sinergia, corações que pulsam, necessidades de compreensão e projetos de vida.

Bem, eu poderia perguntar por que esses alunos não gostam da escola? É a forma como são ensinados? As condições de ensino? E por que os outros participam?

Algumas pesquisas publicadas em livros podem sinalizar algumas respostas ou compreensão das causas do “não gostar de estudar” de parte de nossso alunos.
Livro Aprova Brasil. O Direito de Aprender. Bosas práticas em escolas públicas avaliadas pela Prova Brasil. [PDF]Aprova Brasil : o direito de aprender - Unicef
www.unicef.org/brazil/pt/aprova_final.pdf

A pesquisa, a partir da Prova Brasil, revela algumas questões que fazem diferença nessas escolas, entre as quais: Práticas pedagógicas (trabalho coletivo, em equipe, compartilhado, coordenado); projetos de ensino; inovações na organização da escola; ensino contextualizado; implementação de novas formas de acompanhamento e avaliação da aprendizagem dos alunos; realização de atividades externas com os alunos; e, incentivo à prática de jogos e esportes; a importância do professor; ambiente escolar e relação entre as pessoas; organização e disciplina como elementos que valorizam a escola; os ambientes de aprendizagem, etc.

Já a pesquisa no livro Dez Escolas, dois padrões de qualidade. Uma pesquisa em dez escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Ceará de André Haguette e Márcio k. M. Pessoa, também sinaliza algumas respostas e outros questionamentos, principalmente das cinco melhores escolas do estado do Ceará: os alunos têm desejo de aprender; autodisciplina e aproveitam melhor o tempo letivo e principalmente dispõe de excelentes infra-estrutura escolar. Em contra-partida, as cinco piores escolas apresentam alunos com desmotivação, falta de concentração e que se recusam até levar livros para a escola e isso é colaborado por infra-estrutura escolar deficitária e as condições de ensino e outras questões.

www.dominiopublico.gov.br/.../DetalheObraDownload.do?select.
Experiências bem-sucedidas em escolas públicas, a pesquisa apresenta um relatório para o  seguinte questionamento: quais as estratégias que fazem a diferença? Eis as questões:
1. A importância do clima escolar.
2. O papel do diretor;
3. A valorização do aluno;
4. A valorização do professor;
5. A valorização da escola;
6. O exercício do diálogo permanente;
7. O trabalho coletivo;
8. A participação da família e da comunidade.



Por que é tão desafiador conseguir a atenção dos alunos nas duas modalidades?
Salvo engano, a evasão escolar é maior em cursos a distância, tendo em vista que os alunos precisam de mais feedback e tem as mesmas necessidades de orientação como qualquer aluno de curso presencial, fazendo com o que a mediação do professor seja muito importante.

Bem, as organizações empresarias têm apontado um caminho: gerir e compreender pessoas: seus desejos e necessidades. E elas entenderam que o diferencial de qualquer organização está nas pessoas e isso passa pela compreensão de necessidades.
E pergunto: alguma vez planejamos e ensinamos a partir dos desejos e necessidades de aprendizagem dos alunos? Fazemos avaliações diagnósticas?
Veja que muitos alunos ainda não desenvolveram um projeto de vida, mas são pessoas com desejos e necessidades e por isso precisam ser estimuladas para a formulação de projetos de vida. A escola pode e deve fazer os alunos sonharem.

Será que na modalidade a distância onde temos a tecnologia como parceira pode ter um fator a mais para atrair a atenção dos alunos?

Bem, tenho pensado que mais do que tecnologia ou recursos tecnológicos, precisamos investir em formação de professores para ressignificação da ação docente. O problema da educaçaõ vai muito além da tecnologia, o que está em discussão nesse momento é como o aluno aprende e como se pode desenvolver um ensino centrado no aluno como foco na aprendizagem.

Tenho questionado sobre o “não querer” do ano nas atividades escolares, mas por que os alunos gostam das aulas de educação física? Por que os alunos gostam das aulas de dança e artes? Por que os alunos gostam de produzir audiovisuais? Por que os alunos gostam de esportes, cultura e de participar de eventos ambientais, culturais, gincanas, etc?

Se perguntarnos a nós mesmos, que momentos bons guardamos quando éramos alunos da educaçaõ básica? Que lembranças guardamos de nossas escolas e de nossos professores?
Concordo que o maior desafio do professor é fazer o aluno participar das atividades. E isso passa pela elaboração e execução de um projeto político pedagógico inovador, pela infra-estrutura escolar, condições de ensino, metodolodia de ensino, planejamento e acompanhamento da gestão pedagógica.

Tive uma experiência fantástica quando era professor de ciências da 8ª série de uma escola estadual . E alguns alunos não participavam da atividade. E para minha surpresas esses alunos solicitaram que os liberasse para participar das aulas de ciências de uma colega que ensinava na sala ao lado. Não só os liberei como fui assistir a aula da professora. Lá estava minha colega desenvolvendo um trabalho formidável com um projeto sobre farmácia viva.

Bem, o fato é que ninguém tem receita pronta, mas ainda acredito que o professor reflexivo de sua ação docente é um dos caminhos para a qualidade da educaçaõ, seja presencial ou a distância. O que está em construção é o professor mediador e problematizador de “mentes em brasa”.
Atenciosamente,
Luís Moreira


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