A avaliação como qualificação do trabalho do professor: pontuações a partir de reflexões dos vídeos: avaliação da Aprendizagem: Formativa ou Somativa e Avaliação de Cipriano Luckesi.
Vídeos disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=G5VEkMf5DRk&x-yt-ts=1422327029&x-yt-cl=84838260 e https://www.youtube.com/watch?x-yt-ts=1422327029&x-yt-cl=84838260&v=f5oxHVJuM5I
“Nenhum país resolverá o
problema da educação se não resolver o problema da avaliação”.
E a
avaliação só tem sentido se objetivar também a reflexão do processo de
ensino e aprendizagem e o trabalho docente.
Avaliação não é apenas para avaliar o aluno,
seu percurso durante certo período, mas principalmente para dá feedback ao
trabalho do professor, suas estratégias de ensino e metodologia, ou seja, ela
(a avaliação) também tem a finalidade de
subsidiar o trabalho pedagógico, redirecionando o processo de ensino e
aprendizagem.
Dessa forma, a avaliação na dimensão
formativa procura realizar intervenções pedagógicas com o objetivo de melhorar
a aprendizagem e aquisição de conhecimento para os alunos com dificuldades,
aperfeiçoando a prática escolar.
A avaliação é compreendida como um processo
contínuo e dinâmico que vai ao encontro da reflexão inicial (não se pode
resolver o problema da educação (práticas pedagógicas, por exemplo), se não
resolver o problema da avaliação).
E por isso, que o processo de avaliação é
diagnóstico contínuo e como instrumento (formativo) para se repensar e
reformar os métodos de ensino, os procedimentos, as estratégias de ensino para
que o aluno aprenda de fato.
E a
avaliação só tem sentido se for para cumprir essa finalidade.
Sem desconsiderar a função da escola de
educar, formar o cidadão crítico que esse país precisa no final do processo de
ensino é preciso ter foco na aprendizagem do aluno.
E se a avaliação somativa demonstrar que o
aluno não atingiu os objetivos propostos? O que fazer?
Avaliar o próprio processo de ensino, as
estratégias de ensino, os recursos pedagógicos utilizados, a metodologia de
ensino do professor, etc. é o caminho mais adequado para se pensar coisas
diferentes, querer coisas diferentes e obter coisas diferentes?
Achar que o culpado do fracasso escolar é somente do aluno, incapaz de aprender, ou
afirmar que o aluno "não quer nada”e por isso foi reprovado?
Bem, a partir desses questionamentos devemos
pensar que a escola, professores e gestores desenvolvem uma compreensão de
mundo e educação, uma proposta pedagógica (a priori), um currículo, não é isso?
E se a escola reproduz o modelo mecanicista,
de uma sociedade da competição e da exclusão, o que sobra é a avaliação
classificatória através de exames? Talvez sim.
Outro dia, uma professora afirmou: não
podemos fazer diferente porque o mundo é classificatório e todos avançam na
vida através de exames, concursos, ENEM, vestibular, etc, por que a escola deve
ser diferente? Precisamos preparar o aluno para essa realidade, para o mercado
de trabalho. Será? Devemos concordar com esse aspecto?
A partir dessas reflexões e questionamentos,
adentramos na compreensão das finalidades da avaliação diagnóstica formativa e
somativa e também da proposta da educação e compromisso da escola para uma nova
realidade.
A avaliação diagnóstica, que chamamos também
de avaliação inicial, objetiva avaliar os conhecimentos prévios, competências e
habilidades que os alunos desenvolveram ao longo dos seus estudos.
A avaliação diagnóstica é realizada através
de prova e produção textual (no início do ano e em cada mês) para se perceber o
grau de desenvolvimento dos alunos em determinada competência e habilidade,
analisando os descritores (instrumentos que descrevem o nível de habilidades em
cada item avaliado, do mais simples ao nível que exige maior complexidade na
resolução).
A avaliação diagnóstica também se
caracteriza por momentos de síntese nos encontros coletivos, onde professores
avaliam mensalmente os avanços e dificuldades de cada aluno.
A avaliação diagnóstica se dá continuamente,
avaliando os avanços e dificuldades no processo de mediação em situações de
aprendizagem, aonde o atuando na zona de desenvolvimento proximal, aquilo que o
aluno sabe (zona de desenvolvimento real), mas com ajuda do professor poderá
saber(zona de desenvolvimento potencial), tem o controle do processo de ensino.
A produção textual revela o nível de
desenvolvimento do aluno na escrita, sua capacidade de discorrer um texto e seu
nível de compreensão da palavra escrita e também de mundo.
E essa avaliação diagnóstica só tem sentido
se houver no conjunto da proposta pedagógica da escola estratégias
diferenciadas. Por exemplo, o que fazer com alunos com pouco domínio da leitura
e da escrita? O que fazer com o aluno que ainda tem dificuldades de aritmética,
quando se trabalha com expressões algébricas mais complicadas?
E é preciso reforçar que avaliação
diagnóstica dá conta das atividades de ensino e aprendizagem porque o processo
avaliativo é contínuo, onde professores sabem quais os alunos têm maiores
dificuldades e quem precisa de intervenções pedagógicas para avançar.
Uma sugestão é que a avaliação diagnóstica
seja feita mensalmente, experiência que poucas escolas fazem ou conseguem
fazer.
Por exemplo, a avaliação mensalmente de
produção textual. E é a partir da avaliação das produções escritas, os
professores (momento de síntese avaliativa dos alunos), elaboram projetos de
intervenção pedagógica
Importante destacar que a avaliação
diagnóstica exige de professores e coordenação escolar a organização de rotina de trabalho com o foco
na aprendizagem dos alunos.
Se o aluno tem ainda dificuldades a
trabalhar com produção de textos, o professor precisa retomar esse processo e
rever novas estratégias.
Nesse sentido, importante destacar as
reflexões de Cipriano Luckesi sobre a diferença de exames e avaliação:
Avaliação é uma especificidade da avaliação.
Avaliação funciona igual para todos os
objetos ou área da atuação humana (empresas, político, escolas, etc).
O objetivo do ato de avaliar é conseguir
diagnosticar uma experiência que tem um resultado mais satisfatório.
A avaliação da aprendizagem pretende
diagnosticar a aprendizagem que está ocorrendo, os instrumentos do ensino que
estão contribuindo para esta aprendizagem (como as estratégias de ensino para a
aprendizagem)
Tomar decisões que auxiliem esse processo na
melhoria da aprendizagem na perspectiva de obtenção de resultados mais
satisfatórios;
O objetivo da avaliação é propiciar decisões
que produzam resultados mais satisfatórios.
Avaliação é uma especificidade da avaliação.
Avaliação funciona igual para todos os
objetos ou área da atuação humana (empresas, político, escolas, etc).
O objetivo do ato de avaliar é conseguir
diagnosticar uma experiência que tem um resultado mais satisfatório.
A avaliação da aprendizagem pretende
diagnosticar a aprendizagem que está ocorrendo, os instrumentos do ensino que
estão contribuindo para esta aprendizagem (como as estratégias de ensino
potencializam a aprendizagem e materializam
a proposta pedagógica da escola).
Avaliar significa tomar decisões que
auxiliem esse processo na melhoria da aprendizagem na perspectiva de obtenção
de resultados mais satisfatórios;
O objetivo da avaliação é propiciar decisões
que produzam resultados mais satisfatórios.
Luckesi faz
uma crítica sobre o processo de avaliação nas escolas porque o que
existe, segundo ele nas maiores de suas pesquisas, são exames.
Há uma diferença entre o ato de avaliar e o
ato de examinar.
Nós chamamos de avaliação e praticamos
exames.
O que é examinar e o que é avaliar?
O ato de examinar tem três características
básicas:
1. Os
exames são pontuais: só servem para aquele momento, não avalia o antes e
nem o depois. Exemplo: os vestibulares e a própria prova que o professor passa.
2.
Os exames são classificatórios:
classificam alunos entre reprovados, aprovados em recuperação. Tem uma escola
de notas, tem média de notas e o aluno fica classificado com média tal.
No exame o aluno será classificado pela nota
que ele que tirar e não considera o seu avanço na avaliação. Por exemplo, se
aluno tira nota 2 em uma prova e 10 na outra, ele fica com a média 6. E não se
considera o nível de avanço na aprendizagem.
3. A
terceira característica dos exames que ele é seletivo. Como, por exemplo, o ENEM e os Vestibulares
que excluem uma grande parte dos alunos ao acesso da universidade.
Os exames são seletivos e excludentes.
Por outro lado, a avaliação tem três
características.
1. O
ato de avaliar não é pontual. Enquanto os exames verificam o que está
acontecendo agora, a avaliação analisa o que estava acontecendo antes, o que
está acontecendo agora e o que pode vir a acontecer.
No ato de examinar afirma-se que o aluno não
sabe.
E no ato de avaliar aponta-se que o aluno
ainda não sabe porque depois ele poderá
vir a saber.
O importante é acreditar que o aluno irá
vir, a saber, ou aprender, se houver um trabalho educativo.
2.
Enquanto os exames são classificatórios, a avaliação é dinâmica.
A avaliação não classifica. Ela faz o
diagnóstico do que está ocorrendo para que haja possibilidade de melhoria.
Nesse sentido, avaliação é diagnóstica,
formativa, dialética, dialógica e mediadora. Para Cipriano Luckesi esses termos são redundantes porque a
avaliação carrega todos esses significados (mediadora, formativa, dialética,
dialógica,etc) no seu conceito mais amplo.
A avaliação possibilita uma dinâmica de
acompanhar o desenvolvimento do aluno em todo o processo de ensino e
aprendizagem.
3. Por
fim, a avaliação é includente. Ela traz o aluno para dentro. Enquanto que a
prática do exame coloca alguém para fora.
A prática da avaliação diz para ao aluno:
rapaz venha para dentro que iremos ajudá-lo a saber.
As três características do ato de examinar
são opostos às características de avaliar.
E a postura do educador deverá ser
permanentemente de avaliar.
Luckesi faz a diferença entre avaliação
classificatória e formativa: a avaliação classificatória (exames) classifica se
o aluno sabe ou não sabe e ponto final (ela é pontual e conclusiva porque
coloca no aluno uma menção: aprovado ou reprovado, etc.)
Já a avaliação formativa (processual)
acontece dentro do processo de ensino e aprendizagem, onde os professores
trabalham os conteúdos e ao mesmo tempo vão avaliando pari passu o desenvolvimento dos seus alunos.
Uma experiência significante é construir um
portfólio (pasta em que contem os avanços e dificuldades de cada aluno) e mês a
mês os professores e coordenadores escolares vão avaliando a progressão dos
seus alunos.
Nesse portfólio contém todos os gráficos das
avaliações internas e externas que apontam dificuldades e avanços dos alunos,
dos professores e da própria escola.
E a partir dessas informações, a escola
desenvolve intervenções pedagógicas através de um grupo de apoio que vai reforçar
a aprendizagem dos alunos com maiores dificuldades.
Não existe mais a prova institucional
classificatória, única, onde o aluno tirou a nota fica e ficou com determinação
menção.
E por isso que avaliação precisa ser avaliada.
Se a prova não for bem elaborada, bem
aplicada, os resultados podem não refletir o trabalho realizado e os patamares
de aprendizagem dos alunos.
Nesse sentido, é preciso fazer refletir
sobre avaliações numa abordagem mais ampla:
A somativa, por exemplo, acontece no
final do processo quando a ação pedagógica já foi finalizada.
E os resultados devem ser utilizados para
avaliar o programa, o currículo, o processo de ensino, o trabalho pedagógico,
mas a escola só julga o aluno para definir se ele será aprovado ou não.
Já a avaliação formativa acontece
durante todo o processo de ensino e tem objetivo de avaliar o trabalho do
professor, seus processos de ensino, suas estratégias, sua metodologia de
ensino, os materiais utilizados, os ambientes de aprendizagem como laboratórios
de informática, laboratórios de ciências, biblioteca, a forma de orientação da
pesquisa ao aluno, os livros, ou seja, todos os recursos pedagógicos.
É o momento do professor refletir sobre a
sua prática pedagógica (práxis) - ou seja, por em prática a condição do
professor reflexivo para que os alunos possam atingir os objetivos propostos da
aprendizagem.
Conclusão.
As
pesquisas apontam que existe muito pouco de avaliação formativa na
prática.
O que acontece é a avaliação
classificatória, pouco se preocupando com o desenvolvimento do aluno.
A experiência das avaliações externas de São
Paulo aponta a existência da avaliação diagnóstica (analisar os conhecimentos
prévios dos alunos no início, final do semestre (também diagnóstica) e ao final
do ano).
E que é importante dessa avaliação é o
feedback que é fornecido à escola pelos coordenadores do programa, através de
gráficos e análises dos descritores.
E o professor tem a informação importante
sobre qual descritor de sua área do
conhecimento deve ser mais trabalhada e
a escola, através da coordenação pedagógica, desenvolve as melhores
estratégias para alunos com dificuldades.
A boa experiência de avaliação externa é
quando ela pretende fazer o professor estudar mais e rever sua prática
pedagógica para reorientar o seu processo de ensino.
A avaliação nesse sentido, não é um
instrumento de punição, mas de formação do professor para que ele possa buscar
estratégias diferenciadas e atingir as necessidades dos alunos.
Constatação:
1. Existem avaliações externas demais, mas
com pouca efetividade como instrumentos de formação dos professores.
2. A avaliação formativa tem a finalidade de subsidiar o trabalho docente
para que o professor tenha maior consciência de sua prática e busque novas
estratégias de ensino.
3. Se a escola se coloca como instrumento de
reprodução das desigualdades sociais e do modelo segregador e excludente que
está posto (o modelo social e político), basta apenas aplicar uma prova no
final do ano com objetivo de classificar alunos;
4. Se a
escola tem uma proposta pedagógica de transformação da sociedade, uma
proposta de intervenção na realidade, uma proposta comprometida com a inclusão
de jovens, da aprendizagem de todos os alunos, então é forçoso desenvolver no
seu currículo a avaliação como proposta formativa.
E refletindo: o professor dá muita atenção ao aluno que
acerta tudo, mas pouco dá atenção ao que erra. Porque a função da avaliação é:
Ø
Tratamento
dos que estão com dificuldades.
Ø
Replanejamento
(de rever conteúdos, de rever planejamento, de rever estratégias, de rever
procedimentos e planejar novas estratégias).
5. A avaliação é muito importante porque afeta
todo o desenvolvimento dos educadores, ou deveria afetar porque os professores têm mais informações para trabalhar
individualmente cada aluno e desenvolver também estratégias diferenciadas;
6. Os alunos com maiores dificuldades
precisam de intervenções pedagógicas semanalmente de forma individual, em dupla
e com o apoio da coordenação pedagógica (orientação pedagógica porque se o
professor apenas ouvir e não colocar em prática, os alunos continuarão mal no
processo avaliativo).
7. Se a escola utilizar com competência as
informações das avaliações externas, isso pode
modificar o trabalho dos professores, especialmente o trabalho da
coordenação pedagógica porque existirão mais elementos informacionais para
intervenções pedagógicas.
8. Avaliar se o trabalho do coordenador
pedagógico está referenciado pelas avaliações externas ou não.
9. Avaliar se o trabalho da coordenação
pedagógica está orientado em função das avaliações internas e também o
planejamento das intervenções pedagógicas para que os que apresentam dificuldades.
10. O que determina a avaliação é o contexto
pelo qual a avaliação se dirige. E o projeto que está em discussão é uma
proposta pedagógica de inclusão, não de exclusão.
11. Enquanto não estivermos uma educação
para todos, não haverá efetivamente o conceito de Nação.
Portanto, temos muito que caminhar, a
reformulação do currículo, a formação dos professores, a reorientação da
prática pedagógica e principalmente um projeto de avaliação comprometido com o
desenvolvimento potencial de todos os alunos.
E que se avaliação no sentido, aqui
refletido, for colocado em prática e reverberado em uma proposta pedagógica
inovadora, pode surtir efeitos positivos nos resultados da escola (formação de
professores que melhora a qualidade do ensino a partir das reflexões do processo
avaliativo).
A avaliação diagnóstica realiza o importante
papel de mostrar para o professor qual a situação em que se encontra seu aluno,
direcionando a forma com a qual ele deve trabalhar para atingir o objetivo de
uma aprendizagem significativa.
A aprendizagem formativa é aquela que deve
ser realizada como forma de acompanhamento durante todo o ano. É através dela
que o professor conseguirá ver o que está dando certo e o que não está, o que
ele pode fazer para melhorar e como melhor planejar para que o aluno realmente
aprenda.
E é a partir de uma avaliação somativa que
podemos saber se realmente o objetivo da aprendizagem foi alcançado.
Assim,
acredito que para termos um sistema eficiente de avaliação, estas três precisam
andar de mão dadas, fazendo com que todo o processo ocorra qualitativamente.
Questões
para discussão em grupo:
- Como a escola interpreta a avaliação diagnóstica, formativa e somativa?
- Relacione a avaliação diagnóstica, formativa e somativa a partir dos vídeos, leitura do texto com a avaliação realizada na escola.
- A avaliação na Escola Maria Edilce contribui para a formação e qualificação da prática docente? Comente.
- Como melhorar o processo de ensino e aprendizagem da escola a partir da avaliação?
- Como o processo de avaliação da Escola Maria Edilce impactou os resultados em 2014? Positivamente? Negativamente? Comente.
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