sexta-feira, 13 de março de 2015

A avaliação como qualificação do trabalho do professor: pontuações a partir de reflexões dos vídeos: avaliação da Aprendizagem: Formativa ou Somativa e Avaliação de Cipriano Luckesi.


A avaliação como qualificação do trabalho do professor: pontuações a partir de reflexões dos vídeos: avaliação da Aprendizagem: Formativa ou Somativa e Avaliação de Cipriano Luckesi.


“Nenhum país resolverá o problema da educação se não resolver o problema da avaliação”.
E a  avaliação só tem sentido se objetivar também a reflexão do processo de ensino e aprendizagem e o trabalho docente.
Avaliação não é apenas para avaliar o aluno, seu percurso durante certo período, mas principalmente para dá feedback ao trabalho do professor, suas estratégias de ensino e metodologia, ou seja, ela (a avaliação)  também tem a finalidade de subsidiar o trabalho pedagógico, redirecionando o processo de ensino e aprendizagem. 

 
Dessa forma, a avaliação na dimensão formativa procura realizar intervenções pedagógicas com o objetivo de melhorar a aprendizagem e aquisição de conhecimento para os alunos com dificuldades, aperfeiçoando a prática escolar.
A avaliação é compreendida como um processo contínuo e dinâmico que vai ao encontro da reflexão inicial (não se pode resolver o problema da educação (práticas pedagógicas, por exemplo), se não resolver o problema da avaliação).
E por isso, que o processo de  avaliação é  diagnóstico contínuo e como instrumento (formativo) para se repensar e reformar os métodos de ensino, os procedimentos, as estratégias de ensino para que o aluno aprenda de fato.
E  a avaliação só tem sentido se for para cumprir essa finalidade.
Sem desconsiderar a função da escola de educar, formar o cidadão crítico que esse país precisa no final do processo de ensino é preciso ter foco na aprendizagem do aluno.
E se a avaliação somativa demonstrar que o aluno não atingiu os objetivos propostos? O que fazer?
Avaliar o próprio processo de ensino, as estratégias de ensino, os recursos pedagógicos utilizados, a metodologia de ensino do professor, etc. é o caminho mais adequado para se pensar coisas diferentes, querer coisas diferentes e obter coisas diferentes?
Achar que o culpado do fracasso escolar  é somente do aluno, incapaz de aprender, ou afirmar que o aluno "não quer nada”e por isso foi reprovado?
Bem, a partir desses questionamentos devemos pensar que a escola, professores e gestores desenvolvem uma compreensão de mundo e educação, uma proposta pedagógica (a priori), um currículo, não é isso?
E se a escola reproduz o modelo mecanicista, de uma sociedade da competição e da exclusão, o que sobra é a avaliação classificatória através de exames? Talvez sim.
Outro dia, uma professora afirmou: não podemos fazer diferente porque o mundo é classificatório e todos avançam na vida através de exames, concursos, ENEM, vestibular, etc, por que a escola deve ser diferente? Precisamos preparar o aluno para essa realidade, para o mercado de trabalho. Será? Devemos concordar com esse aspecto?
A partir dessas reflexões e questionamentos, adentramos na compreensão das finalidades da avaliação diagnóstica formativa e somativa e também da proposta da educação e compromisso da escola para uma nova realidade.
A avaliação diagnóstica, que chamamos também de avaliação inicial, objetiva avaliar os conhecimentos prévios, competências e habilidades que os alunos desenvolveram ao longo dos seus estudos.
A avaliação diagnóstica é realizada através de prova e produção textual (no início do ano e em cada mês) para se perceber o grau de desenvolvimento dos alunos em determinada competência e habilidade, analisando os descritores (instrumentos que descrevem o nível de habilidades em cada item avaliado, do mais simples ao nível que exige maior complexidade na resolução).
A avaliação diagnóstica também se caracteriza por momentos de síntese nos encontros coletivos, onde professores avaliam mensalmente os avanços e dificuldades de cada aluno.
A avaliação diagnóstica se dá continuamente, avaliando os avanços e dificuldades no processo de mediação em situações de aprendizagem, aonde o atuando na zona de desenvolvimento proximal, aquilo que o aluno sabe (zona de desenvolvimento real), mas com ajuda do professor poderá saber(zona de desenvolvimento potencial), tem o controle do processo de ensino.
A produção textual revela o nível de desenvolvimento do aluno na escrita, sua capacidade de discorrer um texto e seu nível de compreensão da palavra escrita e também de mundo.
E essa avaliação diagnóstica só tem sentido se houver no conjunto da proposta pedagógica da escola estratégias diferenciadas. Por exemplo, o que fazer com alunos com pouco domínio da leitura e da escrita? O que fazer com o aluno que ainda tem dificuldades de aritmética, quando se trabalha com expressões algébricas mais complicadas?
E é preciso reforçar que avaliação diagnóstica dá conta das atividades de ensino e aprendizagem porque o processo avaliativo é contínuo, onde professores sabem quais os alunos têm maiores dificuldades e quem precisa de intervenções pedagógicas para avançar.
Uma sugestão é que a avaliação diagnóstica seja feita mensalmente, experiência que poucas escolas fazem ou conseguem fazer.
Por exemplo, a avaliação mensalmente de produção textual. E é a partir da avaliação das produções escritas, os professores (momento de síntese avaliativa dos alunos), elaboram projetos de intervenção pedagógica
Importante destacar que a avaliação diagnóstica exige de professores e coordenação escolar a  organização de rotina de trabalho com o foco na aprendizagem dos alunos.
Se o aluno tem ainda dificuldades a trabalhar com produção de textos, o professor precisa retomar esse processo e rever novas estratégias.
Nesse sentido, importante destacar as reflexões de Cipriano Luckesi sobre a diferença de exames e avaliação:
Avaliação é uma especificidade da avaliação.
Avaliação funciona igual para todos os objetos ou área da atuação humana (empresas, político, escolas, etc).
O objetivo do ato de avaliar é conseguir diagnosticar uma experiência que tem um resultado mais satisfatório.
A avaliação da aprendizagem pretende diagnosticar a aprendizagem que está ocorrendo, os instrumentos do ensino que estão contribuindo para esta aprendizagem (como as estratégias de ensino para a aprendizagem)
Tomar decisões que auxiliem esse processo na melhoria da aprendizagem na perspectiva de obtenção de resultados mais satisfatórios;
O objetivo da avaliação é propiciar decisões que produzam resultados mais satisfatórios.
Avaliação é uma especificidade da avaliação.
Avaliação funciona igual para todos os objetos ou área da atuação humana (empresas, político, escolas, etc).
O objetivo do ato de avaliar é conseguir diagnosticar uma experiência que tem um resultado mais satisfatório.
A avaliação da aprendizagem pretende diagnosticar a aprendizagem que está ocorrendo, os instrumentos do ensino que estão contribuindo para esta aprendizagem (como as estratégias de ensino potencializam a  aprendizagem e materializam a proposta pedagógica da escola).
Avaliar significa tomar decisões que auxiliem esse processo na melhoria da aprendizagem na perspectiva de obtenção de resultados mais satisfatórios;
O objetivo da avaliação é propiciar decisões que produzam resultados mais satisfatórios.
Luckesi faz  uma crítica sobre o processo de avaliação nas escolas porque o que existe, segundo ele nas maiores de suas pesquisas,  são exames.
Há uma diferença entre o ato de avaliar e o ato de examinar.
Nós chamamos de avaliação e praticamos exames.
O que é examinar e o que é avaliar?
O ato de examinar tem três características básicas:
1. Os exames são pontuais: só servem para aquele momento, não avalia o antes e nem o depois. Exemplo: os vestibulares e a própria prova que o professor passa.
2. Os exames são classificatórios: classificam alunos entre reprovados, aprovados em recuperação. Tem uma escola de notas, tem média de notas e o aluno fica classificado com média tal.
No exame o aluno será classificado pela nota que ele que tirar e não considera o seu avanço na avaliação. Por exemplo, se aluno tira nota 2 em uma prova e 10 na outra, ele fica com a média 6. E não se considera o nível de avanço na aprendizagem.
3. A terceira característica dos exames que ele é seletivo. Como, por exemplo, o ENEM e os Vestibulares que excluem uma grande parte dos alunos ao acesso da universidade.
Os exames são seletivos e excludentes.
Por outro lado, a avaliação tem três características.
1. O ato de avaliar não é pontual. Enquanto os exames verificam o que está acontecendo agora, a avaliação analisa o que estava acontecendo antes, o que está acontecendo agora e o que pode vir a acontecer.
No ato de examinar afirma-se que o aluno não sabe.
E no ato de avaliar aponta-se que o aluno ainda não sabe porque depois ele  poderá vir a saber.
O importante é acreditar que o aluno irá vir, a saber, ou aprender, se houver um trabalho educativo.
2. Enquanto os exames são classificatórios, a avaliação é dinâmica.
A avaliação não classifica. Ela faz o diagnóstico do que está ocorrendo para que haja possibilidade de melhoria.
Nesse sentido, avaliação é diagnóstica, formativa, dialética, dialógica e mediadora. Para Cipriano Luckesi  esses termos são redundantes porque a avaliação carrega todos esses significados (mediadora, formativa, dialética, dialógica,etc) no seu conceito mais amplo.
A avaliação possibilita uma dinâmica de acompanhar o desenvolvimento do aluno em todo o processo de ensino e aprendizagem.
3. Por fim, a avaliação é includente. Ela traz o aluno para dentro. Enquanto que a prática do exame coloca alguém para fora.
A prática da avaliação diz para ao aluno: rapaz venha para dentro que iremos ajudá-lo a saber.
As três características do ato de examinar são opostos às características de avaliar.
E a postura do educador deverá ser permanentemente de avaliar.
Luckesi faz a diferença entre avaliação classificatória e formativa: a avaliação classificatória (exames) classifica se o aluno sabe ou não sabe e ponto final (ela é pontual e conclusiva porque coloca no aluno uma menção: aprovado ou reprovado, etc.)
Já a avaliação formativa (processual) acontece dentro do processo de ensino e aprendizagem, onde os professores trabalham os conteúdos e ao mesmo tempo vão avaliando pari passu o desenvolvimento dos seus alunos.
Uma experiência significante é construir um portfólio (pasta em que contem os avanços e dificuldades de cada aluno) e mês a mês os professores e coordenadores escolares vão avaliando a progressão dos seus alunos.
Nesse portfólio contém todos os gráficos das avaliações internas e externas que apontam dificuldades e avanços dos alunos, dos professores e da própria escola.
E a partir dessas informações, a escola desenvolve intervenções pedagógicas através de um grupo de apoio que vai reforçar a aprendizagem dos alunos com maiores dificuldades.
Não existe mais a prova institucional classificatória, única, onde o aluno tirou a nota fica e ficou com determinação menção.
E por isso que  avaliação precisa ser avaliada.
Se a prova não for bem elaborada, bem aplicada, os resultados podem não refletir o trabalho realizado e os patamares de aprendizagem dos alunos.
Nesse sentido, é preciso fazer  refletir  sobre avaliações numa abordagem mais ampla:
A somativa, por exemplo, acontece no final do processo quando a ação pedagógica já foi finalizada.
E os resultados devem ser utilizados para avaliar o programa, o currículo, o processo de ensino, o trabalho pedagógico, mas a escola só julga o aluno para definir se ele será aprovado ou não.
Já a avaliação formativa acontece durante todo o processo de ensino e tem objetivo de avaliar o trabalho do professor, seus processos de ensino, suas estratégias, sua metodologia de ensino, os materiais utilizados, os ambientes de aprendizagem como laboratórios de informática, laboratórios de ciências, biblioteca, a forma de orientação da pesquisa ao aluno, os livros, ou seja, todos os recursos pedagógicos.
É o momento do professor refletir sobre a sua prática pedagógica (práxis) - ou seja, por em prática a condição do professor reflexivo para que os alunos possam atingir os objetivos propostos da aprendizagem.
Conclusão.
As  pesquisas apontam que existe muito pouco de avaliação formativa na prática.
O que acontece é a avaliação classificatória, pouco se preocupando com o desenvolvimento do aluno.
A experiência das avaliações externas de São Paulo aponta a existência da avaliação diagnóstica (analisar os conhecimentos prévios dos alunos no início, final do semestre (também diagnóstica) e ao final do ano).
E que é importante dessa avaliação é o feedback que é fornecido à escola pelos coordenadores do programa, através de gráficos e análises dos descritores.
E o professor tem a informação importante sobre qual descritor de sua  área do conhecimento deve ser mais trabalhada e  a escola, através da coordenação pedagógica, desenvolve as melhores estratégias para alunos com dificuldades. 
A boa experiência de avaliação externa é quando ela pretende fazer o professor estudar mais e rever sua prática pedagógica para reorientar o seu processo de ensino.
A avaliação nesse sentido, não é um instrumento de punição, mas de formação do professor para que ele possa buscar estratégias diferenciadas e atingir as necessidades dos alunos.
Constatação:
1. Existem avaliações externas demais, mas com pouca efetividade como instrumentos de formação dos professores.
2. A avaliação formativa tem a  finalidade de subsidiar o trabalho docente para que o professor tenha maior consciência de sua prática e busque novas estratégias de ensino.
3. Se a escola se coloca como instrumento de reprodução das desigualdades sociais e do modelo segregador e excludente que está posto (o modelo social e político), basta apenas aplicar uma prova no final do ano com objetivo de classificar alunos;
4. Se a  escola tem uma proposta pedagógica de transformação da sociedade, uma proposta de intervenção na realidade, uma proposta comprometida com a inclusão de jovens, da aprendizagem de todos os alunos, então é forçoso desenvolver no seu currículo a avaliação como proposta formativa.
E refletindo:  o professor dá muita atenção ao aluno que acerta tudo, mas pouco dá atenção ao que erra. Porque a função da avaliação é:
Ø      Tratamento dos que estão com dificuldades.
Ø      Replanejamento (de rever conteúdos, de rever planejamento, de rever estratégias, de rever procedimentos e planejar novas estratégias).
5. A avaliação é muito importante porque afeta todo o desenvolvimento dos educadores, ou deveria afetar porque  os professores  têm mais informações para trabalhar individualmente cada aluno e desenvolver também estratégias diferenciadas;
6. Os alunos com maiores dificuldades precisam de intervenções pedagógicas semanalmente de forma individual, em dupla e com o apoio da coordenação pedagógica (orientação pedagógica porque se o professor apenas ouvir e não colocar em prática, os alunos continuarão mal no processo avaliativo).
7. Se a escola utilizar com competência as informações das avaliações externas, isso pode  modificar o trabalho dos professores, especialmente o trabalho da coordenação pedagógica porque existirão mais elementos informacionais para intervenções pedagógicas.
8. Avaliar se o trabalho do coordenador pedagógico está referenciado pelas avaliações externas ou não.
9. Avaliar se o trabalho da coordenação pedagógica está orientado em função das avaliações internas e também o planejamento das intervenções pedagógicas para que os  que apresentam dificuldades.
10. O que determina a avaliação é o contexto pelo qual a avaliação se dirige. E o projeto que está em discussão é uma proposta pedagógica de inclusão, não de exclusão.
11. Enquanto não estivermos uma educação para todos, não haverá efetivamente o conceito de Nação.

Portanto, temos muito que caminhar, a reformulação do currículo, a formação dos professores, a reorientação da prática pedagógica e principalmente um projeto de avaliação comprometido com o desenvolvimento potencial de todos os alunos. 
E que se avaliação no sentido, aqui refletido, for colocado em prática e reverberado em uma proposta pedagógica inovadora, pode surtir efeitos positivos nos resultados da escola (formação de professores que melhora a qualidade do ensino a partir das reflexões do processo avaliativo).
A avaliação diagnóstica realiza o importante papel de mostrar para o professor qual a situação em que se encontra seu aluno, direcionando a forma com a qual ele deve trabalhar para atingir o objetivo de uma aprendizagem significativa.
A aprendizagem formativa é aquela que deve ser realizada como forma de acompanhamento durante todo o ano. É através dela que o professor conseguirá ver o que está dando certo e o que não está, o que ele pode fazer para melhorar e como melhor planejar para que o aluno realmente aprenda.
E é a partir de uma avaliação somativa que podemos saber se realmente o objetivo da aprendizagem foi alcançado.
Assim, acredito que para termos um sistema eficiente de avaliação, estas três precisam andar de mão dadas, fazendo com que todo o processo ocorra qualitativamente.
Questões para discussão em grupo:
  1. Como a escola interpreta a avaliação diagnóstica, formativa e somativa?
  2. Relacione a avaliação diagnóstica, formativa e somativa a partir dos vídeos, leitura do texto com a avaliação realizada na escola.
  3. A avaliação na Escola Maria Edilce contribui para a formação e qualificação da prática docente? Comente.
  4. Como melhorar o processo de ensino e aprendizagem da escola a partir da avaliação?
  5. Como o processo de avaliação da Escola Maria Edilce impactou os resultados em 2014? Positivamente? Negativamente? Comente.

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