O
DIAGNÓSTICO DA ESCOLA, EXPERIÊNCIAS VIVIDAS, LIÇÕES APRENDIDAS.
Luís
Moreira de Oliveira Filho
Sinto-me
nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo. Fernando
Pessoa.
Importa,
antes de adentrar sobre as reflexões nesse início de caminhada
realizar algumas questões importantes: qual é o sentido do
diagnóstico escolar? Qual é a finalidade do diagnóstico escolar?
Que aprendizado o diagnóstico escoalr poderá trazer para o
professor aprendiz e para a gestão escolar?
Concordando
com Almeida et al (2002), a escola e seus processos pedagogicos,
práticas pedagogicso para quem exerce o magistério deve ser um
espaço de reflexão e um campo de conhecimento e não um ativismo
pedagógico, focado apenas com o momento da prática. E por essa
reflexão, os professores precisamos relacionar o diagnóstico
escolar, os instrumentos de gestão com o projeto político
pedagógico, com a estrutura física e seus espaços educadores. De
fato, o diagnóstico é um dialogo com a escola e espaço de reflexão
sobre o cotidiano escolar nos seus vários aspectos: o trabalho da
gestão escolar, o seu projeto político pedagógico, o trabalho do
professor e o fluxo de alunos pelas galerias dos espaços educadores
e na própria sala de aula.
E nesse
sentindo, o diagnóstico escolar cria possibilidade para se
compreender vários aspectos da escola, através de diálogo aberto
com o lócus escolar, grupo gestor, professores, o planejamento, a
execução e avaliação das práticas pedagógicas e do
comportamento dos alunos nos espaços educadores e que estão
entrelaçados dentro do projeto político pedagógico.
E
isso deve
ser um
momento de muito aprendizado e importante para tomar confiança para
o professor no seu processo de planejamento e gestão da sala, quando
a gestão pedagógica foca
na:
observação da prática docente, planejamento, seleção de
conteúdos, elaboração dos planos de aula, definição da
metodologia (pedagogia problematizadora a partir da mediação
pedagógica e aula dialogada, considerando desde o início os
conhecimentos prévios e a representação social dos
sujeitos-educandos).
Nessa linha
de pensamento, entende-se
que o dianóstico escolar é
muitos significado a partir da coleta de informações do lócus
escolar, análise e interpretação de documentos como o projeto
político pedagógico, os processos de ensino, os processos de
avaliação, a administração dos espaços educadores, relacionando
com as observações do cotidiano escolar, mas o que é uma escola?
Luck (2009)
responde que escola é uma organização social construída no seio
da sociedade e que tem como finalidade cultivar e transmitir valores
sociais essenciais e contribuir para a formação de cidadãos,
mediante experiências de aprendizagem e também com ambiente de
aprendizagens adequados aos princípios e objetivos da educação. E
que possibilite a esses alunos conhecendo o mundo e se conhecendo, a
transformação desse mundo. E com isso, a qualidade do ambiente
escolar é fundamental para o sucesso dos processos pedagógicos
essenciais que acontecem na sala de aula: planos de aula, regência,
ensino, aprendizagem, avaliação, intervenções pedagógicos,
gestão dos espaços e tempos de aula, gestão dos recursos
pedagógicos, metodologia de ensino, etc.
E essas
observações poderão
permitir e vislumbrar
que a qualidade do ambiente escolar em sua totalidade determina a
qualidade do processo pedagógico da sala de aula e que é
determinada por um conjunto de cuidados destacados pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LUCK, 2009) em que essa
autora elenca: a elaboração e execução da proposta pedagógica; a
administração de pessoal; a administração de recursos materiais e
patrimoniais; a administração financeira; o cumprimento dos 200
dias letivos e 800 horas-aula estabelecidos; o cumprimento do plano
de trabalho de cada docente; a recuperação dos alunos de menor
rendimento; a articulação com as famílias e a comunidade; e a
criação de processos para integrar sociedade com a família e por
último, a informação dos pais sobre a frequência e rendimentos
dos alunos.
Nessa linha
de pensamento, o
diagnóstico escolar, é uma oportunidade
de observar, conhecer e compreender os processos do cotidiano
escolar, como
por exemplo: as
intervenções pedagógicas dos coordenadores escolares realizando
atendimento individual aos alunos com mais necessidades; o
acompanhamento do gestor nos processos administrativos e pedagógicos;
o acompanhamento da gestão pedagógica na sala de aula para
averiguar o planejamento dos professores, os processos pedagógicos
na sala de aula; a merendeira contando alunos na sala de aula para
planejar o quantitativo de merenda escolar; os funcionários – os
primeiros educadores que recebem os alunos na entrada do portão; as
merendeiras na organização e entrega da merenda.
E a
percepção de que nesse lócus escolar está sendo realizada uma
organização escolar e a execução de uma proposta pedagógica
focada na gestão para resultados, quando,
por exemplo,
toda a sala de aula tem gráficos com o desempenho dos alunos por
disciplina, por bimestre, quando alunos e professores podem ter um
diagnóstico do desempenho escolar.
Uma questão
importante o que é diagnóstico e o por que é importante para
professor no seu processo de ensino e aprendizagem? Almeida et al
(2002) responde que o diagnóstico é importante como base para o
desenvolvimento do estágio em que o professor possa planejar,
replanejar e atingir os objetivos propostos no planejamento e assim
refletir sobre o cotidiano escolar e corrigir os desvios do processo,
Para
Almeida et al (2001 apud Libâneo, 2001) o diagnostico consiste em
levantar dados, informações com o objetivo de desenvolver uma visão
de totalidade, necessidades e problemas da escola e facilitar a
caminhada do professor que
está chegando à escola..
Completa
ainda as autoras: é
importante
sentir de perto a estrutura, a organização e o funcionamento da
unidade escolar, por isso é importante que observemos atentamente
seus hábitos, sua cultura e sua rotina. (ALMEIDA et al, 2002).
Nessa linha
de pensamento, o
professor precisa desenvolver
um trabalho de vivenciar o cotidiano escolar, não só apenas
levantar dados e informações, mas
para compreender que a
estrutura escolar é
entendida como espaços
educadores que devem ser cuidados com
muita atenção e
organização da
rotina de trabalho.
Sobre a
relação professor e aluno há uma liação aprendida:
que os alunos precisam muito mais de compreensão do que de elogios e
que se o professor partir para o confronto perde o sentido e controle
da regência – os alunos não têm medo de punições (isso é um
fato). E o que desafio mais importante do professor é envolvê-lo
no processo de ensino e aprendizagem.
O professor
precisa desenvolver uma relação interpessoal para conquistar os
alunos para o trabalho cognitivo, respeitar o seu conhecimento
prévio, o aluno como sujeito histórico, valorizar a sua
participação durante a aula.
E as
experiências vividas e lições aprendidas mostram que cada turma é
um microcosmo, com suas individualidades e particulares, cada aluno é
sujeito histórico com suas necessidades e desejos. E se os
professores conseguirem captar esses desejos e necessidades desses
alunos têm tudo para realizar uma docência com muita competência
em que aprendizagem acontecerá naturalmente.
E isso será
um momento
maravilhoso de aprendizado, descobertas, sentindo a escola viva,
funcionando e os significados de um trabalho nos olhos dos alunos, a
cada palavra, a cada gesto. E eis as coisas boas de um trabalho, o
relacionamento afetivo com os alunos.
E nesse
processo de diagnóstico, observação da escola, observação da
regência, o gestor, mas também o professor tem a oportunidade de
ver o lócus escolar em movimento, os seus fluxos, os seus processos,
os seus alunos, os professores. Observar movimento acontecendo na
entrada dos alunos, dos professores, o porteiro que diz que se sente
muito feliz quando recebe um bom dia, o porteiro como o primeiro
educador que recebe os alunos.
Esses
alunos que se encaminham para o pátio, conversam entre si, outros
vão brincar na quadra coberta durante o recreio, a sala de aula,
esse momento importante do recreio em que o núcleo gestor está
atento aos comportamentos dos alunos, o atendimento individual dos
alunos pela coordenação pedagógica, os alunos dançarino que vão
aproveitar o horário do recreio para aprimorar os movimentos dos
seus corpos, esses mesmos alunos que estão de farda no contraturno
para melhorar os movimentos dos seus corpos em passos que são
meticulosamente ensaiados.
Esses
alunos que estão estudando debaixo de uma tamarineira, revendo
exercícios, o cantinho do saber, o cantinho da saúde, momentos
alegres na quadra de esporte, o fluxo de professores e funcionários
da escola no acompanhamento dos processos pedagógicos. As rotinas
escolares, as frases edificantes nas paredes, do pátio, das salas de
aula, os gráficos com o desempenho dos alunos no sistema de
avaliação do município que estão pregados e expostos nas salas de
aulas.
São
gráficos por disciplina, por aluno e cada bimestre. Os professores
sabem quais competências, quais descritores os alunos avançaram,
mas também sabem onde precisam investir mais nas intervenções
pedagógicas. E que esses resultados externos são importantes para
qualificar o planejamento e as intervenções pedagógicas.
Outra
questão importante, o mapeamento da sala de aula, conforme
Programa Diretor de Turma, a
cada mês os alunos têm locais mapeados e onde deverão se sentar na
sala de aula. E a primeira observação da professora é fazer com
que cada aluno fique sentado conforme esse mapeamento. E dessa forma,
isso facilita a organização da sala de aula, que sempre está em
forma U, o que facilita o fluxo do professor por toda a sala de aula,
durante o ensino, mas a avaliação e exercícios avaliativos os
alunos voltam
a formar
cadeiras enfileiradas. E e
o professor
pode caminhar pela sala de aula, conversar com o aluno olho no olho,
realizar os diálogos necessários e a realização das atividades
propostas.
E todos
esses procedimentos são experiências vividas e lições aprendidas
quando o professor realiza o diagnóstico e são reverberadas por
Almeida et al (2002) quando discorre que todos esses procedimentos
são estruturas organizadas pelas secretarias municipais de educação
e que fazem parte da estrutura organizacional das escolas (espaços
educadores na compreensão desse do professor) desenvolvendo
comportamento, hábitos, atitudes, maneiras da escola ser conduzida
pelos gestores e professores.
E
certamente esse conhecimento da realidade escolar (a rede de relações
entre professores, gestores, alunos, funcionários) que também é um
inventário da realidade poderá
facilitar
o trabalho do
professor, enquanto pesquisador do cotidiano escolar. A escola é
única, é
uma entidade única porque
o projeto político pedagógico, construído coletivamente pela
comunidade escolar, dá a identidade escolar, o seu processo de
reterritorialização dentro do sistema municipal de educação. Os
pais sabem o que de bom a escola oferece aos seus filhos, os seus
professores, a direção da escola.
E o que
acontece dentro da escola, o sistema de avaliação da
SEDUC,
o portfólio do professor (o professor precisa
ter
um portfólio) que precisa ser atualizado com o seus planos de aulas,
registros das aulas. E que é acompanhamento diuturnamente pela
coordenação e mensalmente pelos das
CREDES,
o trabalho por competências e habilidades, quando os professores
sabem os descritores que precisam investir mais energias nas suas
turmas. Tudo isso pode
ser
um grande aprendizado e mostram os motivos porque o municíos
e escolas têm
evoluído nos seus indicadores como o IDEB e Prova Brasil.
As
investigações da realidade escolar mostram que
diagnóstico da realidade é
fundamental para compreensão e melhor desempenho do
professor, que qualifica o seu planejamento para certas
desmiticações, a desmassificação de massas,
analisar o que acontece na escola, os acompanhamentos pedagógicos,
os
sistemas de
de avaliação, a forma como os
professores
preparam
os alunos para enfrentarem do
ENEM e SPAECE. E
a forma como o
professor planeja os conteúdos
que seriam trabalhadas na prova, ou seja, os procedimentos e a
compreensão das
rotinas escolares importantes para o melhor desempenho na regência
escolar.
E
esse diagnóstico pode
considerar
o que já se sabia anteriormente, que é caracterização social da
escola, situada do
entorno da escolas,
as questões econômicas e sociais, a fragmentação das famílias, a
violência, alunos de mãe solteira, separada,etc.
Jovens que já fizeram aborto, jovens ameaçados de morte, jovens que
já tiveram amigos mortos e outros viciados por drogas, drogas que
andam farejando mais vítimas e que demandam mais cuidados de
professores e de gestores.
Diagnóstico
que também poderá perceber a estrutura física, os seus espaços
educadores, a estrutura organizacional composta do Nùcleo Gestor,
secretária, agentes administrativos, serviços gerais, porteiro,
merendeiras, professores, todos educadores nos seus espaços
organizados e educadores.
Outra
questão importante é compreender o
planejamento, diários,
semanal
e a experiência uma professora que estuda, avalia, atende alunos
pelo whatsapp (o
professor poderá
criar
um grupo para cada turma, para dirimir dúvidas, entrar em contato
com as mães). Interessante essa aplicação de uma tecnologia,
quando aluno tira uma foto do exercício que está tentando resolver,
manda uma cópia para a professora. E a professora desenvolve um tipo
de mediação pedagógica, através da tecnologia, com pistas e
questionamentos, sem nunca dá a resposta para o aluno.
E qual é o
problema de desenvolver esse tipo de atendimento à distância? Esse
tipo de procedimento poderá
tirar
ainda mais o pouco tempo do
professor
com a família. E como o bom planejamento, a elaboração dos planos
de aulas, os estudos com os conteúdos que foram selecionados
são importantes para o sucesso escolar.
E essa
pesquisa da realidade escolar permitirá
compreender as condições em que se dão os trabalhos
dos professores,a jornada de trabalho, incluindo o planejamento, o
projeto político pedagógico, o que possibilitou desenvolver nesse
aprendiz reflexões críticas sobre a escola e o desenvolvimento
intelectual de pesquisador do cotidiano escolar. E
isso, é
uma oportunidade de refletir sobre a prática docente a partir do
conhecimento do cotidiano escolar e os espaços em que acontece o
ensino (não só na sala de aula), mas em todo ambiente escolar, os
seus espaços educadores nessa caminhada da primeira etapa do estágio
escolar – o diagnóstico escolar, mas e o Projeto Político
Pedagógico? Que lições foram aprendidas?
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