quarta-feira, 22 de junho de 2016

Os genes determinam o que nós somos?



Os genes não determinam o que nos tornaremos, mas, em vez disso, são agentes dentro de um processo dinâmico. A expressão genética é regulada por forças externas. A “hereditariedade” se revela de várias formas diferentes: nós herdamos genes estáveis, mas também epigenes alteráveis; herdamos linguagens, ideias, atitudes, mas também podemos modificá-las. Herdamos um ecossistema, mas também podemos mudá-lo. Tudo nos molda e tudo pode ser moldado por nós. O que existe de genial em todos nós é a nossa habilidade intrínseca de nos aprimorarmos e de aprimorarmos o mundo em que vivemos. SHENK (2011)

Os genes determinam o que nós somos? 


O tema desse trabalho como um proposta problematizada é muito interessante do ponto de vista de vista acadêmico para se compreender a relação entre fatores ambientais x fatores genéticos no seguinte questionamento: Os fatores ambientais podem influenciar nas alterações genéticas? A discussão genética x ambiente é um pouco antiga, mas bem atual e ainda não se encontrou todas as respostas para muitas perguntas.
E antes de adentrar na pesquisa e leituras do objeto desse trabalho outro questionamento também é importante fazer. Por exemplo, o clone do jogador Pelé produzirá um jogador Pelé com as mesmas habilidades físicas e atléticas? Será que o DNA de Pelé produzirá apenas as potencialidades do clone ser um jogador maravilhoso como foi o Pelé? E se colocarmos esse clone distante de bola, futubol e comendo hot dog e outras guloseimas com muitas calorias e sem prática de futebol? Bem, são essas e outras questões que se buscarão respostas para o tema proposto.

Bem, pesquisas apontam que tanta a genética como os fatores ambientais têm carga quase iguais e a depender da intensidade das relações que organismos humanos, por exemplo, recebem influências do meio e também influencia o meio com as sua modernas tecnologias.

O fato é que ambas genética e ambiente podem inflenciar alterações genéticas e até causar doenças. De acordo com Beben Benyamin, do Instituto Queensland Brain (QBI), na Austrália. “Os resultados mostram que, ao invés de olharmos para nós mesmos com uma visão de genética versus ambiente, temos que nos enxergar como o produto da natureza e da criação”, aponta.

Por exemplo, uma pergunta ainda mais interessante e sem ainda respostas à luz do conhecimento intelectual e científico: o homem nasce gay ou se faz gay? Isso é genético ou é ambiental? Os homônios que deteminam a condição masculina (testosterona) atuam fortemente em mulheres alterando seu comportamento sexual? A questão gay é mais uma uma questão psicológica, cultural do que biológica? Há algum fator ambiental, como a alimentaçaõ com altera as condições genéticas? Bem, essa são questões que fogem ao tema desse trabalhjo, mas que puxa o autor, para melhor entender a influência dos fatores genéticos e ambientais em alterações fisiológicas de um ser vivo.

E isso se reverbera para o texto, ora referenciado, quando o autor Benyamin sugere que o estudo tem “implicações importantes” para o tratamento de doenças. Ele diz que, embora traços psiquiátricos, oftalmológicos e esqueléticos tenham uma maior influência genética, fatores ambientais desempenham um grande papel em valores sociais. Fatores genéticos, no entanto, têm uma influência, embora por vezes pequena, em todos os nossos traços.

Outra questão, por exemplo, a puberdade cada vez mais cedo de meninas, onde a faixa etária ideal para a chegada do primeiro ciclo menstrual é entre 10 e 14 anos está sendo alterada. Cada vez mais cedo meninas vão desenvolvendo os seios, pelos pubianos antes da puberdade, até mesmo antes do ciclo menstrual.

E alguns faltores ambientais, como a alimentação carregada de hormônios podem ser catalizadores desse processo de alteração hormonal e que por conseguinte genética. Mudanças do hábito aliementar tem produzido doenças de toda a sorte e de toda a magnitude, isso parece ser fato, apontam as pesquisas científicas.

Como alimentações calóricas e de muito carboidrato, as meninas vão adqurindo sobrepeso, o que altera a produção de estrogênio, hormônio que acelera o desenvolvimento do corpo. E daí pode-se desenvolver novo comportamento de jovens que a cada dia entram mais cedo no ciclo menstrual e no processo de reprodutivo e que também podem afetar alterações ao longo da vida, principalmente na velhice quando o ciclo menstrual é encerrado e também mais cedo.

No entanto, buscando respostas para o questionamento - Como os fatores ambientais podem influenciar nas alterações genéticas – encontra-se em De Paula (1999) algumas reflexões sobre esse assunto. Por exemplo, a autora escreve que as influências ambientais se manifestam ou podem produzir diferenças entre indivíduos, mas isso não ocorre devido a novos genes, mas sim devido à expressão de genes que já estavam presentes. Ela cita os abetos Englemann existentes nas Montanhas Rochosas atingem 25 metros na altitude de 2700 metros, mas apresentam formas anãs grotescas na altitude de 3000 a 3300 metros.

De acordo com a autora, a variação ambiental não afeta a linhagem, isto é, se as sementes forem plantadas em outro ambiente, as plantas se desenvolverão de acordo com o novo ambiente, e não com o velho.

Importa observar que esse artigo não pretende fazer afirmações e nem tão pouco defender a tese de que a genética é determinista (inata) no desenvolvimento do ser humano e nem tão pouco afirmar que as questões ambientais são condições sine qua non para o desenvolvimento humano, principalmente das crianças. Ao contrário, parte-se do pressuposto de que o homem é uma construção histórica que se inicia na fecundação e que as interações entre a genética o ambiente são condições inerentes na formação desse ser em aprendizado e transformação contínua.

E que é preciso fugir do reducionismo do conhecimento no campo da genética e da biologia mecanicista da vida porque segundo Left (2002): a descoberta das bases genéticas dos sistemas vivos levou à concebê-las com uma estrutura fundamental, determinante dos processos evolutivos. E que segundo o autor:

Os fenômenos de desenvolvimento apareciam assim fundados na reprodução de certas estruturas genéticas conformadas ao acaso, de seu desenvolvimento ontogenético, de seu processo evolutivo, da produção ao acaso de mutações genéticas e de sua seleção por assimilação ao meio ambiente. O processo teleonômico assim constituído afasta-se das concepções vitalistas e animistas, enquanto a emergência de novidades biológicas não está predeterminada nas estruturas genéticas iniciais ou um fim predestinado, “pois se o DNA é o suporte molecular da emergência, é por si mesmo inerte e desprovido de propriedades teleonômicas. (LEFT, 2002, p. 40).
De acordo com Shenk (2011), os genes são importantes na definição das características diferentes, mas em última análise, cada ser humano é resultado de um sistema dinâmico, ou seja, cada um nós é produto do desenvolvimento por meio do processo de interação gene-ambiente. Sozinhas, as diferenças genéticas não determinam se somos mais inteligentes ou não

Nessa linha de pensamento, Left (2002) escreve que as descobertas da biologia molecular e da genética moderna permitiram abstrair novos entendimentos e combater o individualismo metodológico de que teria surgido da noção de “adaptação do mais apto”. Dessa forma, nasceu a seleção natural como efeito de populações ou indivíduos definidos por suas estruturas genéticas, e não como a ação de indivíduos biológicos sobre o seu meio ambiente.

Nessa linha de pensamento de Left, Shenk (2011) escreve que os pais não transferem apenas DNA inalterados para os filhos, transferem também instruções adicionais – conhecidas como material epigenético – que ajudam a conduzir a maneira como os genes se expressarão. Isso significa que os pais podem causar impacto no legado genético ou a formalização dos processos epigenéticos

Nessa linha de pensamento, Shenk (2011), escreve que os seres humanos são diferentes uns dos outros não só por conta de nossas poucas diferenças, mas principalmente porque cada instante de nossas vidas influencia de forma ativa a própria expressão de nossas características genéticas. O autor afirma que cada gene precisa ser ativado para que se inicie a construção proteica e isso não significa que não tenha acontecido interação gene-ambiente, produzindo um resultado improvisado e exclusivo a partir de elementos variados do ambiente.

Para Shenk (2011) Genes, proteínas e estímulos ambientais (entre eles comportamentos e emoções humanas) interagem de forma constante uns com os outros, e esse processo interativo influencia a produção de proteínas, que então coordenam as funções das células, que, por sua vez, geram características individuais.

Segundo Francis (2015), o gene em estado puro é constituído pelo DNA na forma da famosa dupla-hélice. Em nossas células, porém, são raros os genes em estado puro porque se apresentam envolvidos por diversas outras moléculas orgânicas, com as quais estão ligados quimicamente.

E por isso, Francis (2015) afirma que o ambiente externo afeta os genes, modulando sua atividade. Dessa forma, o efeito gênico do ambiente não é direto porque as influências ambientais são mediadas por alterações nas células em que os genes residem.

Além do mais, continua o autor, diferentes tipos de célula reagem de forma diversa ao mesmo fator ambiental, seja ele estresse social ou carência alimentar no útero materno. Por sua própria natureza, e apesar do fato de os genes de todas as células do corpo serem os mesmos, os efeitos ambientais são sempre específicos para cada tipo de célula. Assim, ao determinar qualquer influência ambiental sobre o funcionamento dos genes, os cientistas se fixam em populações celulares específicas, como os neurônios de determinada área do cérebro, as células do fígado, do pâncreas ou de algum outro órgão.

Portanto, pode-se afirmar que tanto os fatores genéticos (predisposição para certas doenças ou anomalias) como os fatores ambientais influenciam alterações genéticas porque nossa herança não se limita apenas a nossos genes, mas todo um ambiente cultural, social que começa com os nossos pais, nossa alimentação

Se algum gene desempenha papel causal na herança em alguma anomalia ou doença, isso se também por meio de suas modificações genéticas induzidas pelo ambiente, em forma de gatilho a ser disparado.

Referência

Disponivel em http://hypescience.com/genetica-versus-ambiente-finalmente-uma-resposta/

Disponível em http://acfarmaceutica.com.br/ma-alimentacao-e-fatores-ambientais-geneticos-podem-causar-puberdade-precoce-nas-meninas/

LEFT, Enrique. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2002.

SHENK, David. O Gênio em Todos Nós. Por que tudo que você ouviu falar de genética, talento e que está errado. Zahar, 2011

FRANCISC, Richard C.. Epigenética. Como a ciência está revolucionando o que sabemos sobre hereditariedade Zahar, 2015.

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