Falamos
em disciplinas, mas nenhuma disciplina está isolada das outras áreas do
conhecimento. Hoje entendo que o professor, seja de qual for área de
formação, necessita beber de outras fontes do conhecimento.
Ninguém consegue
ser professor se não conseguir criar pontes nas áreas do conhecimento.
A química, a física, a história natural, geografia, a matemática e
suas variações como a estatística são fundamentais na formação do professor de
biologia. Ninguém conseguirá entender os postulados de Gregor Mendel se não
possuir bom conhecimento de probabilidades e estatística em geral.
Sobre
integração do conhecimento, veja que belo texto, especialmente o fragmento em destaque:
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.
Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
O pronunciamento do cacique Seatle
Como podes comprar
ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos
da pureza do arou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cacique
Seattle
O discurso pronunciado após a fala do encarregado de negócios
indígenas do governo norte-americano haver dado a entender que desejava
adquirir as terras de sua tribo Duwamish.
O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava
comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e
benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de
nossa amizade.
Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o
fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de
Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que
nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano
Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal
idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da
água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu
povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina
na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições
e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo
as recordações do homem vermelho.
O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de
morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta
formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é
parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a
grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o
calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma
família.
Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que
deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer
que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele
será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua
oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para
nós sagrada.
Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas
água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de
te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e
que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as
recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai.
Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas
canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te
lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás
de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de
viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro
que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não
é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora,
deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a
terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de
seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e
seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas
como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando
para trás apenas um deserto.
Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas
cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim
por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.
Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não
há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir
das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada
compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se
um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa
dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O
índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e
o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo
a pinheiro
O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as
criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.
O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um
moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te
vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o
ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao
nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro.
E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário,
como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado
com a fragrância das flores campestres.
Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa
terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os
animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito.
Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem
branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e
não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do
que o bisão que (nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais
acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo
quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado
entre si.
Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés
são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a
teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a
teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo
quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão,
cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o
homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão
interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre
si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem
teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à
trama, a si próprio fará.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os
nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o
tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas
ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias -
eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos
filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em
pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de um povo
que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como
amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos,
apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha,
talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que
o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes.
Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem
vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra
é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais
cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de
morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados,
pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial,
lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é
para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os
bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas
carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por
fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a
águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e
o começo da luta para sobreviver.
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o
homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos
nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas
mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém,
selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos,
temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as
reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias
conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua
lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a
alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a
amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos.
Proteje-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando
dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração -
conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa
sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o
homem branco pode evitar o nosso destino comum.
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